La force des choses
22.2.09
Mestre Lagoa Henriques

(Eduardo Geada in O Risco Inadiável, o Caderno de Desenho, Jubileu do Professor Lagoa Henriques, 1988)
A ceifeira anda danada a apagar a vida. Ontem o Megre, hoje o mestre. Noutro século, com ele e o Carlos apreendi a arte do desenho, em finais de tarde mágicos à beira rio, traços a carvão cruzados com gaivotas, espaços sem tempo, surreais, como a catedral do esteta, onde sons de tocatas esvoaçavam mais os pombos, até ao tecto, no meio de mil objectos capturados ao mundo.
Com cada um que desaparece, vou-me eu também.
Etiquetas: desenho, estética, lagoa henriques
17.10.07
29.8.07
Strangeness 2

Existem homens que sentem que os prados são azuis, o céu verde e as nuvens amarelas…
Ou os artistas vêem as coisas realmente desta maneira e acreditam naquilo que elas representam, o que nos obrigará a perguntar como surgiu o defeito na sua visão.
Se for hereditário, o Ministério do interior terá de fazer com que este defeito horrível não se perpetue.
Se não acreditam na realidade de tais impressões, mas tentam impô-las a uma nação, então será assunto para tribunal criminal.
Adolf Hitler na inauguração da Casa da Arte Alemã em 1937
Chamem-lhe fascista ou outra coisa qualquer que vos apoquente.
Mas isto, corresponde a uma mentalidade corrente desde sempre.
Hoje, talvez menos nalguns domínios, nalgumas culturas, mas permanece noutros e noutras.
É permanente no humano e tem origem no medo.
A aspiração à "pureza" e o fecho a tudo o que diverge (degenera, diziam) daquilo que é dito "normal".
Eu chamo-lhe a mentalidade da "estranheza"; estranha tudo... tudo o que arrisca para lá da linha pré-estabelecida.
Depois ainda há aqueles que nos mandam.
Esses também não apreciam lá muito quem sai da linha.
Deixa de ser fácil de manipular.
Etiquetas: estética, sociologia
26.8.07
Strangeness

Strange to be ignorant of the way things work:
Their skill at finding what they need,
Their sense of shape, and punctual spread of seed,
And willingness to change;
Yes, it is strange.
Philip Larkin - Ignorance, by Claudia
Etiquetas: estética, filosofia, viver
21.8.07
A vida efémera da Bauhaus
Poucos meses após o estabelecimento da Bauhaus em Weimar, em 1919, as clivagens na Republica de Weimar, numa frente conservadora, uma social-democrata, e ainda outra comunista, reflectiam-se nas lutas em torno da escola financiada pelo estado.
As declarações proferidas pelos grupos políticos na arena cultural reflectiam a polarização crescente: tradição versus modernismo era igual a direita versus esquerda.
A Bauhaus estava associada às forças políticas de esquerda.
O encerramento da escola em Weimar tornou-se inevitável quando, na Primavera de 1924, uma coligação de direita substituiu o antigo governo de esquerda do estado livre da Turingia. A primeira medida do novo governo foi um corte de cinquenta por cento no orçamento para a desprezada instituição.
No estado de Anhalt em Dessau, para onde a escola foi transferida em 1925, as condições politicas permaneceram favoráveis para a Bauhaus até 1932.
No entanto o clima político começou a mudar em 1929, com o aumento da influência do partido NAZI. Os nazis repetiam a acusação que perseguia a Bauhaus desde o período de Weimar, considerando-a um exemplo acabado de “bolchevismo cultural”.
A facção nazi de Dessau conseguiu forçar o encerramento da escola através de uma ordenação comunal em Setembro de 1932.
Após as eleições de 1932, os nacionais-socialistas passaram a dominar a discussão sobre cultura política, atingindo inclusivamente os apoiantes da Bauhaus, com as suas acusações.
Não apenas Gropius, mas também o director do museu de Dessau, Ludwig Grote, o presidente da câmara, Fritz Hesse, e críticos de arquitectura como Bruno Werner, tentaram desenvolver argumentos que provassem que as tendências modernas, entre elas a Bauhaus, não eram cultura bolchevique mas alemã.
Mies Van der Rohe reabriu a Bauhaus como instituto privado em Berlim em Outubro de 1932, mas a escola sobreviveu apenas alguns meses. Após a chegada dos nazis ao governo a 31 de Janeiro de 1933, todas as instituições culturais foram forçadas a alinhar com a política nazi.
Droste, Magdalena - A Bauhaus 1919-1933, Ed. Taschen Publico 2007
2.6.05
Poesia Visível

Le Faux Mirroir, René Magritte né en Belgique 1898
Outrora não havia problemas: um quadro representava algo de real.
Hoje, mais prevenidos, mas mais desamparados, aprendemos apartir dos Impressionistas, que podemos e até devemos exigir mais de um quadro.
Na Arte estão sempre em jogo três elementos:
- A Natureza (hoje talvez o mais desprezado)
- Os Meios de expressão (activos ou passivos)
- O Artista ( o mais importante)
As Artes Plásticas são verdadeiramente uma Poesia Visível.
Etiquetas: estética
13.5.05
Wassily Kandinsky

Nina et Wassily no Bauhaus de Dessau (1931)
Nasceu em Moscovo em 1866.
É um fundador da Arte Abstracta (expressionismo)
Enriqueceu a Pintura com conceitos revolucionários, recusando-se gradualmente a copiar o mundo visível, criando uma nova linguagem pictórica;
É enorme o seu impacto na arte do séc. XX.
A vida passa-a por Paris, Berlim, Nova Yorque e a I guerra mundial leva-o à Suíça.
Após o conflito regressa a uma Rússia Revolucionária, onde é encarregue das aquisições para os Museus do Povo; entre 1919 e 1921 organiza e equipa 22 novos museus.
Emigra depois para a Alemanha tornando-se professor no famoso Bauhaus.
Os últimos anos são em França, onde vive desde 1933, e morre em Neulli-Sur-Seine em 1944 com 78 anos.
Etiquetas: estética
15.4.05
Turismo Soviético




2001 - 2004 by David Levine
Aqui alguns deliciosos cartazes de turismo da União das Repúblicas Socialistas Soviéticas anos 30.
Poderia pensar-se não ter existido abertura alguma, mas curiosamente até aparece publicidade em alemão.
Lembra-nos o singular Pacto Ribentrop-Molotov de 1939, pelo qual Stalin deixou as mãos livres a Hitler para a invasão (e partilha) da Polónia.
Etiquetas: estética, tretas, união soviética, viver