26.2.09
Nihil: aceitemos… é a vida.
Lembremo-nos que esta expressão vem de longe, e de uma outra zona discursiva: costumava terminar os comentários e análises de António Guterres, o primeiro-ministro socialista.
Com uma leve carga de resignação, ela pretendia exprimir uma velha sabedoria cristã: aceitemos os males do mundo, os dissabores, tudo o que vai contra a nossa vontade, porque isso resulta de uma lógica e de um poder que nos ultrapassam.
E já que a lógica do tempo histórico é imbatível, aproveitemos então para, na nossa pequena esfera, tirarmos pequenos benefícios individuais.
O sentimento de responsabilidade por uma comunidade, por um país, parece ter desaparecido.
Em política esse tipo de transferência de regras morais de conduta para a esfera governativa pode ser extremamente perigoso. A resignação leva à impotência, a passividade à inércia e ao imobilismo: o governo de Guterres caiu porque não governou, ponto final. O de Durão Barroso não terminou, por razões de conveniência pessoal do primeiro-ministro.
(José Gil, Portugal, hoje: o medo de existir – Relógio D’água 2004)
Quem mais, como eu, se vê espelhado nesta couraça, que simultaneamente protege e castra?
Etiquetas: filosofia, josé gil, politica, viver
Comments:
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Caro Mar, é que navegamos numa espécie de mar morto.
Seria preciso sacudir as culturas estabelecida - ideias que já foram novas, mas envelheceram - e mostrar caminhos que as renovem; mas penso são escolhas morais, as que definem esses destinos.
abraço
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Seria preciso sacudir as culturas estabelecida - ideias que já foram novas, mas envelheceram - e mostrar caminhos que as renovem; mas penso são escolhas morais, as que definem esses destinos.
abraço
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