7.4.08
Para além da vida das abelhas e das flores 4: o caminho da guerra
"A Sede da ONU é em Nova York, mas podia ser em Washington, que não se notaria a diferença"
Salvo alguns erros, que me são inerentes, não me parece que o meu amigo Jrd, que tem feito o favor de me ler esta “lenga-lenga”, esteja com a toda a razão.
Claro que, sendo o maior contribuinte liquido - sempre atrasado e não em numero de soldados - e o exército mais poderoso, o estado americano é uma variável independente e incontornável na equação da ONU.
Como disse um ex-secretário geral da ONU “as nossas instituições globais podem muito pouco”, e só quando o empenho americano aparece, é que "o céu” passa a ser o limite. Isto resulta da actual relação de forças no sistema "uni-mulitlateral".
Mas o mesmo Koffi Annan, na sequência da intervenção da Coligação no Iraque, também criticou duramente a administração americana: “esta lógica representa um desafio fundamental aos princípios sobre os quais, ainda que imperfeitamente, se apoiava a paz e a estabilidade mundiais nos últimos 58 anos” (Discurso de abertura da 58ª Assembleia-geral em 2003).
E tinha também uma boa parte da razão. Mas teremos de admitir que o desafio provém, tanto desta lógica, como das novas ameaças pós-11/9 (terrorismo e ADM) e da incapacidade das ONU para lhes responder. Uma lógica (impotência multilateral) conduz inexoravelmente à outra (unilateralismo).
Não podendo obter uma segunda resolução do Conselho de Segurança (impedida pela Rússia e pela França) que expressamente autorizasse o uso da força contra o Iraque, os EUA avançaram unilateralmente em função dos seus interesses.
Mas também para impor o respeito pelas resoluções do CS da ONU, sucessivamente violadas por Saddam. Este desrespeitou e contribuiu para desacreditar a ONU durante anos consecutivos, violando 17 resoluções do seu Conselho de Segurança desde a Guerra do Golfo. Logo no início, Bush deixou claro que, ou o CS impunha o respeito das suas resoluções ou seriam os EUA a fazê-lo. O paradoxo cruel é que para fazer respeitar a legalidade internacional, os EUA actuaram à margem dessa estrita legalidade.
Mas insisto que, se a França e a Rússia – não fossem os contratos avultados com Saddam - se tivessem concertado claramente com os americanos na condenação do Conselho de Segurança, teria havido um impacto diferente no jogo de poker de Saddam (talvez se evitasse a guerra); não o fazendo criaram o efeito contrário, ou seja, desacreditaram a determinação americana (vista como bluff de um “tigre de papel”).
Pareceu-me desde o inicio um erro o ataque ao Iraque sem a legitimação do Conselho de Segurança. Teria sido preferível, mesmo na óptica americana, invocar apenas a segurança nacional. Ao recorrerem à ONU, os americanos ficaram reféns da autorização do Conselho de Segurança.
Foi pior.
Etiquetas: Iraque, jrd, ONU, politica
Comments:
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Meu caro,
Estamos, a meu ver, perante uma problema de semântica: Eles foram apenas "reféns" deles próprios.
Nesta guerra, mesmo que isso representasse a ilegalidade internacional, os seus interesses foram a sua legalidade, ou seja: de NY a Washington...
Abraço
Estamos, a meu ver, perante uma problema de semântica: Eles foram apenas "reféns" deles próprios.
Nesta guerra, mesmo que isso representasse a ilegalidade internacional, os seus interesses foram a sua legalidade, ou seja: de NY a Washington...
Abraço
Lembrei-me do coment daquele outro lobo: Comrade wolf knows whom to eat, he eats without listening
abraço
abraço
Nem sabes a vontade que eu tenho de te dar a razão toda... mas não consigo, é mais forte do que eu, lol
preparei mais uma dúzia de tretas destas, mas vou reduzir... tenho a impressão de me tornar repetitivo :)
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preparei mais uma dúzia de tretas destas, mas vou reduzir... tenho a impressão de me tornar repetitivo :)
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