9.8.05
O Mundo é de quem não sente (9 de Agosto de 1945)
Yuji Chida /Ground Zero 1945: a Dor dilacerante de se ser humano
A condição essencial para um homem prático é a ausência de sensibilidade.
Todo o homem de acção é essencialmente animado e optimista, porque quem não sente é feliz.
Conhece-se um homem de acção por nunca estar mal disposto.
Para agir é preciso pois que não nos figuremos com facilidade as personalidades alheias, as suas dores e alegrias.
Quem simpatiza pára.
O homem de acção considera o mundo externo como composto exclusivamente de matéria inerte.
Ou inerte em sim mesma, como uma pedra sobre que passa ou que afasta do caminho;
Ou inerte como um ente humano que, porque não lhe pôde resistir, tanto faz que fosse homem como pedra, pois como à pedra, ou se afastou ou se passou por cima.
O exemplo máximo do homem prático, porque reúne a extrema concentração da acção com a sua extrema importância é a do estratégico.
Toda a vida é guerra e a batalha é pois a síntese da vida.
Ora o estratégico é um homem que joga com vidas como o jogador de xadrez com peças de jogo.
Que seria do estratégico se pensasse que cada lance do seu jogo põe noite em mil lares e mágoa em três mil corações?
Que seria do mundo se fossemos humanos?
(Do Livro do Desassossego do Bernardo Soares; ao Luis )
Etiquetas: bernardo soares, hiroxima, meiguices, natureza do mal, viver, ww2
Comments:
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"Que seria do mundo se fossemos humanos?". Que oportuno texto e que oportuna citação neste dia, cbs. Obrigado por teres respirado o mesmo ar.
Jpn, Csa, obrigado amigos.
Depois de passar aquela série de desenhos japoneses, quando escolhia, é que veio o verdadeiro peso daquele dia.
Pesa como um buraco negro.
Foi também um Holocausto... mas em segundos.
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Depois de passar aquela série de desenhos japoneses, quando escolhia, é que veio o verdadeiro peso daquele dia.
Pesa como um buraco negro.
Foi também um Holocausto... mas em segundos.
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