15.2.10
A revolução de 1910: o Exército Português
Para compreender a vitória republicana de Outubro, Pulido Valente considera necessário compreender a posição do Exército e, em que medida estava capaz de esmagar uma insurreição.
Os oficiais consideraram a “acalmação” dos rotativos uma espécie de traição. Para mais nos últimos três anos da Monarquia, a evolução dos acontecimentos pareceu combinada para hostilizar o Exército. Na Primavera de 1910, os republicanos descobriram uma nova série de “escândalos financeiros” em que andavam comprometidos vários grandes caciques progressistas. O Exército reagiu de duas maneiras: a maioria refugiou-se na tradicional indiferença pela vida pública, e uma pequena minoria de ultras começou a conspirar e planeava “pronunciar-se”.
Quando a revolução rebentou os partidos históricos não contavam com o apoio das Forças Armadas. A Carbonária aliciara centenas de soldados e os oficiais estavam divididos entre uma minoria de ultras, que conspirava contra o regime, e uma maioria de indiferentes com um velho ódio corporativo ao Rotativismo. De qualquer descrição do 5 de Outubro, um ponto ressalta claramente: a relutância do Exército em lutar.
(de Vasco Pulido Valente, O Poder e o Povo 1974)
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