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La force des choses
2.2.10
 
A revolução de 1910: a ascensão
Estabeleceria a ascensão do Partido Republicano Português ao poder nas sete etapas seguintes:
1. As comemorações do centenário de Camões em 1880 (favorável)
2. O ultimatum inglês em 1890 (favorável)
3. A revolta republicana no Porto em 1891 (negativa)
4. A ditadura de Hintze Ribeiro em 1893 (negativa)
5. A divisão do PRP em 3 Juntas Directivas em 1902 (negativa)
6. A questão dos tabacos” em 1903 (favorável)
7. A ditadura de João Franco e o escândalo dos adiantamentos em 1906-07 (favorável)
8. O regicídio de 1908 (a causa próxima e determinante)

1. Quatro anos depois de fundado o partido atraiu a atenção do país, ao organizar, em 1880, as comemorações do 3º Centenário de Camões. Daí em diante não deixou de crescer em número e influência. Criavam-se constantemente novas comissões, clubes, centros e jornais, e um deles, “O Século” depressa alcançava projecção nacional.
2. Passados dez anos, em 1890, a crise do ultimatum inglês, por causa do “Mapa cor-de-rosa”, trouxe ao PRP uma força sem precedentes. Recordemos que Portugal sofrera no início do século XIX uma serie de choques: as invasões francesas, a fuga do rei, a sujeição aos ingleses, a independência da jóia da Coroa (Brasil), e depois as revoluções falhadas com intervenções estrangeiras descaradas. Desde 1820 que o país vivia sob o signo da humilhação. Ao advogar a resistência inflexível (e demagógica), o PRP promoveu-se como esperança e veículo do patriotismo português, por oposição à desonra nacional, concentrada na dinastia dos Bragançãs, que nunca haviam hesitado em “vender” a Nação para “se conservarem a si”.
3. Apesar de abalada, a Monarquia não deu sinais de cair e os elementos extremistas decidiram recorrer à violência. Em 31 de Janeiro de 1891, contra ordens expressas do Directório, fizeram uma revolta no Porto e foram esmagados. O clima de histeria gerado colocou o PRP em sérias dificuldades, permitindo à Monarquia não só fechar um número considerável de centros republicanos, mas também silenciar os respectivos jornais.
4. Em 1893, Carlos lançou Hintze Ribeiro numa ditadura administrativa. Talvez por causa da sua irrelevância politica o PRP aceitou aliar-se ao Partido Progressista, um dos parceiros do Rotativismo, formando uma “Coligação Liberal”. Durou cerca de três anos e quase destruiu o PRP. A ala radical condenou o oportunismo do Directório e resolveu afastar-se do Partido, fundando um Grupo Republicano de Estudos Sociais.
5. Em 1902, o Partido entrou em dissolução, e o Congresso desse ano retirou o poder ao Directório, entregando-o a três juntas directivas, do Norte, do Centro e do Sul. Desde 1891 que a repressão aumentava enquanto o desânimo se generalizavam entre os republicanos. A Monarquia transformara a Guarda Municipal – os pretorianos do rei, como eram conhecidos – numa sólida força de combate de rua e legalizou-se a deportação perpétua, sem julgamento, para crimes políticos.
6. Durante vinte anos a corrupção constituiu o principal e mais regular alimento da propaganda republicana. Os delitos variavam muito mas podem ser reduzidos a três espécies: concessão indevida de fundos públicos, tráfego de influências e um grupo de coisas menos subtis, tais como falsificações e desfalques. Os republicanos, para além de se considerarem como modelo de virtude, insinuavam que, se o povo era espremido por impostos e a dívida do Estado não parava de crescer, era apenas devido à necessidade de sustentar a “camarilha” rotativa e o respectivo chefe, o rei.
Para o regime, o mais prejudicial de todos os escândalos foi, sem dúvida, a chamada Questão dos tabacos, entre 1903 e 1905. É impossível explicar sumáriamente as suas perversas complexidades, mas podemos dizer que o negócio do tabaco era um dos maiores que existiam em Portugal e o monopólio da sua exploração, pela Companhia dos Tabacos, sempre foi controverso. Porque servia também de penhor para os empréstimos que eram concedidos ao Estado português. As questões levantadas pela renovação dos contratos do tabaco e dos fósforos, conjugadas com um empréstimo de 65.000 contos ao governo de Hintze, levaram à sua queda e dividiram o Partido Progressista, o que juntamente com a cisão de Franco, tornou o Rotativismo inoperante.
7. Em 1906 o rei tinha já compreendido que o Rotativismo estava esgotado, e que não resistiria à violência popular em Lisboa. Segundo Pulido Valente, existiam duas soluções: reprimir pela força a agitação urbana (como a seguir se fez na ditadura) ou integrar o radicalismo no regime através de um novo arranjo partidário e de eleições, por assim dizer, “honestas”. Apoiando a ditadura militar de João Franco, o rei tentou a “segunda via”. Mas a “segunda via”, com 62% da população na agricultura e 75% de analfabetos, para não falar na quase completa ausência de indústria fabril, era inteiramente ilusória. Tarde ou cedo acabaria mal.
Para piorar as coisas, veio a saber-se que desde 1890, todos os ministérios tinham feito empréstimos ilegais ao rei. João Franco comunicou estes factos ao Parlamento justificando que os empréstimos não passavam de “adiantamentos”. Mas é evidente que nenhuma pessoa honesta se prestaria a receber “adiantamentos” secretos durante vinte anos, sem nunca os repor. Afonso Costa ameaçou o rei de “cadeia” e, como é natural, o episódio varreu o que ainda restava de prestígio monárquico.
8. Na opinião de Pulido Valente, a partir do momento em que o rei proclamou a necessidade de estabelecer uma ditadura militar, só duas coisas podiam salvar os seus inimigos republicanos: uma revolução ou um crime. Experimentaram primeiro uma revolução – 28 de Janeiro de 1908 – e falharam. O governo prendeu o estado-maior do PRP e preparou-se para o deportar. Três dias mais tarde, a 1 de Fevereiro, Carlos, que estava de férias em Vila Viçosa, regressou a Lisboa. Formou-se um cortejo de vitória em coche aberto, a caminho do Paço e, andados uns metros deu-se o Regicídio: dois militantes republicanos abateram o rei e o príncipe herdeiro. Sem o apoio do rei e a obediência incondicional que este inspirava ao Exercito, Franco nada podia. A 2 de Fevereiro, o herdeiro Manuel II, substituiu-o por uma coligação de regeneradores, progressistas e independentes.

Mas no caso do rei ter sobrevivido, talvez tudo tivesse sido diferente. Carlos e Franco, em 1908, não enfrentavam uma revolução. As dificuldades diplomáticas e financeiras do princípio do reinado haviam sido ultrapassadas. Havia um movimento Republicano em Lisboa, mas o regime tinha sobretudo de lidar com o desespero de alguns políticos que o Rei preterira a favor de Franco, e que, no seu despeito, não haviam hesitado coligar-se com os republicanos para o derrubar. Sem muito sucesso: não tinham conseguido levantar o povo nem o exército e o núcleo dos conspiradores era pequeno. Se os seus líderes tivessem sido expulsos do País, como estava previsto, provavelmente não se teriam encontrado lideranças para novas tentativas revolucionárias. Por isso, um dos inimigos de D. Carlos, Júlio de Vilhena reconheceu nas suas memórias: “se o Sr. João Franco guarda naquele dia a pessoa do Rei, a ditadura estava vencedora e o Partido republicano, com a prisão e julgamento dos seus principais chefes, ferido na medula por vários anos”.
Por tudo isto, considero como causa próxima e eficiente da revolução, daí a dois anos e nove meses, o regicídio do rei Carlos.

(depois de ler Vasco Pulido Valente, O Poder e o Povo 1974)

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