Do destroço
...tal como nós, quando o socialismo real causou em todos os lados os mesmos efeitos, pensámos que o mal estava nos homens maus e também no socialismo real, uma exigência de rigor devia levar os simpatizantes do capitalismo a admitir que o mau cheiro da panela destapada não vem só dos maus intérpretes da economia de mercado. (Luís in A Natureza do Mal)
Eu, que nunca pensei que os selvagens fossem naturalmente bons, li. Eu simpatizo com a liberdade em geral, e a de todos os bichos em particular, se é que isso implica "ser simpatizante do capitalismo". Eu também nunca pensei que os concertos ideológicos - digam comunismo ou digam mercado - nos salvassem da bestialidade ancestral. Mas a náusea, está de facto, tão activa, que com facilidade concedo: aceito que o mau cheiro não é específico de um ponto cardeal, o mau cheiro é mesmo intrínseco à coisa.
Quando hoje, aqui, há gajos que condenados, não pagam mais de 5.000 euros, por quererem putrefazer vereadores municipais. Quando aqui, hoje, há lixo a caducar - como se o deixasse de ser - ao fim de meia dúzia de anos, e os tribunais demoram o dobro disso a almejar uma condenação. Quando o único deputado, a tentar aqui algo de sério, contra o que publicamente fede, é exportado para lá do sol-posto e o que pedia vai para o caixote.
Talvez esteja na altura de voltar ao princípio. Começar por distinguir o que é mal do que é bem. Não sei. Saber que coisa queremos, que alma se tem…
Etiquetas: economia, ética, natureza do mal
Fukuyama enganou-se, anunciou o fim, sem ter percebido que ainda estavamos no princípio.
mas, vejo nisso um conflito entre a forma de abordar a vida, entre materialismo e espiritualismo... e posso estar enganado, claro, não seria a primeira vez ;)
Pelo contrário, simpatizo com a tese de Huntigton. Lendo-o como faço, não significa civilizaçoes predestinadas à guerra; significa que os conflitos globais, continuam a focar-se em torno dos recursos, mas com maior enfase nas diferenças culturais e muito menos entre estados. Parece-me igualmente óbvio.
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