27.1.08
Apologia do bastonário
E para que nós nos não admiremos, e os que governam ou desejam governar tenham tanto medo dos seus ofícios como dos seus desejos, reduzindo a verdade desta sentença à evidência da prática, argumento assim: todo o homem que é causa gravemente culpável de algum dano grave, se o não restitui quando pode, não se pode salvar; todos ou quase todos os que governam, são causas gravemente culpáveis de graves danos, e nenhum restitui o que pode: logo nenhum ou quase nenhum dos que governam, se pode salvar.
Padre António Vieira, Sermão da Primeira Dominga do Advento, 1650
Por estas palavras podemos imaginar, com que frieza o poder do século XVII brindava o génio jesuíta. Valeu-lhe entre outros mimos, a queima de uma efígie sua em Coimbra, e se fosse hoje, já teria inquérito da procuradoria e chamada ao parlamento.
Mas devo acrescentar, para repouso da verdade, que os tempos talvez não pareçam, mas são outros - já a essência do poder... julgo-a igual.
E por tal razão, as induções de António Marinho deviam - e terão de - ser particularizadas.
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