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La force des choses
18.9.07
 
Terra que vi
Foi a segunda vez que viajei neste meio aéreo.
Diga-se a verdade, o outro helicóptero era de passageiros, cómodo, insonorizado, destinado a fazer o transbordo de passageiros entre o aeroporto JFK e La Guardia.
Este helicóptero é bem diferente, é de carga.
Depois do carregamento, sobrou algum espaço para as pessoas. Rebateram-se aquela espécie de bancos (refira-se, sem costas) e o enorme ruído começou.
Ruído esse que nos acompanhou durante seis horas.

Chegámos ao primeiro destino.
Começou aí a verdadeira emoção.
Toda a população correu em direcção a este estranho “animal voador” e no meio de uma multidão pejada de crianças, surgiram dois idosos.

Vieram ter comigo com uma atitude de respeito tão visível nos seus rostos e olhares, baixaram a cabeça, apertaram-me a mão suavemente, senti a pele seca e curtida. Senti a idade daqueles homens.
E eles sentiram pela forma como os olhei a admiração que tenho pela função que exercem por esse interior fora.

Vinham identificados como Regedores, cargo acima de Soba,
num papelinho escrito à mão, com dificuldade e preso com um alfinete no bolso do (provavelmente único) casaco.
Esta aldeia, como tantas outras espalhadas pelo interior, é pobre, muito pobre.
Mas todas têm um local de reunião, de diálogo, um Jango onde o soba transmite as recomendações provenientes da Administração local e…onde se relata a História deste povo, os acontecimentos mais importantes da aldeia, onde se dirimem conflitos, onde também se julgam os cidadãos que prevaricaram.
Nestes locais, as famílias vivem em kimbos, a economia é se auto-subsistência e o tempo corre com uma única referência, o nascer e o pôr do sol, determinando as tarefas diárias para homens, mulheres e crianças.
Sim, porque aqui todos têm uma função dentro destas pequeninas comunidades e o conceito de “solidariedade” faz sentido, porque faz parte da sobrevivência.
Rita Jasmim

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