7.12.09
Corrupção
Vem agora o senhor presidente do Conselho de Prevenção da Corrupção (que coisa aberrante), e do Tribunal de Contas, Oliveira Martins (que prezo) dizer-nos que "o combate à corrupção começa no cidadão comum". E eu concordo, mas acrescentaria que a corrupção não deve ser vista como uma anormalidade, mas como uma questão de ética. Parece-me que, aquilo que pomposamente se desiga por "corrupção" não é mais do que o simples imperativo de ser honesto. Repito, a corrupção não é um complexo conceito teórico, é muito simplesmente falta de honestidade.
E já agora, direi que não acredito na honestidade do cidadão comum - pensamos sempre nos outros, raramente nos vemos a nós - nem creio que possamos extinguir o fenómeno, porque onde há poder, haverá fatalmente corrupção.
Podemos sim controlar a coisa, primeiro com a coragem de exigir decência, em vez de aceitar as fidelidades cúmplices (como costumamos fazer entre nós) e sobretudo reduzindo a pobreza. Porque talvez seja a pobreza o mais forte multiplicador da corrupção.