17.7.09
À esquerda...
Consciente e convicta (…) de representar a consciência aguda da injustiça, da opressão, do privilégio inaceitável, a esquerda viveu-se durante os quase dois séculos da sua manifestação histórica (…) como se estivesse imune, por princípio, ao erro, ao desvio, à desfiguração ou até à traição ao ideário transparente com que se definiu.
Se neste momento a esquerda europeia está, ou parece estar, numa situação particularmente melindrosa, é talvez apenas por se ter imaginado que os erros ou pecados políticos, sociais e económicos só podiam ser cometidos pela direita, ou talvez melhor, que a direita é a expressão, nessa ordem, da História como pecado.
Eduardo Lourenço, Esquerda na encruzilhada ou fora da História? - Gradiva 2009 (ainda a sair e a ler)
Etiquetas: política
Comments:
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Imaginou-se e muito bem. Por isso é que a "esquerda", desejosa de pecar, se travestiu de direita.
bfs
bfs
despedi-me caro Jrd, mas fiquei com a resposta atravessada :)
por isso lá vai... essa de denominar a esquerda pecadora, como travesti de direita, cai quanto a mim no mesmo erro de que fala o Lourenço; atribuir à esquerda o Bem e à direita o Mal.
Precisamente. O que se tem visto nestes dois seculos é uma repartição do mal. Longe do bom selvagem da utopia, a natureza humana é perversa e daí não saimos. A minha saida é de ordem religiosa, sob pena do negrume niilista à Pulido Valente.
Por outro lado, o próprio Lournço o diz noutro trecho, mesmo os grandes da direita (os Chateaubriand, os Proust, os Balzac) eram de esquerda na sua visão impiedosa da sociedade humana.
Eu aí afasto-me do maniquéismo esq.-dir. e remeto a questão para a raíz: liberdade e igualdade, onde ficam?
E mais, vejo o bem do conservadorismo (como o vejo no progressismo) tal como vejo o mal na revolução, intrinsecamente violenta (como o vejo na tirania, aliás).
Porque raio teremos de escolher entre o nosso lado esquerdo e o direito?
por isso lá vai... essa de denominar a esquerda pecadora, como travesti de direita, cai quanto a mim no mesmo erro de que fala o Lourenço; atribuir à esquerda o Bem e à direita o Mal.
Precisamente. O que se tem visto nestes dois seculos é uma repartição do mal. Longe do bom selvagem da utopia, a natureza humana é perversa e daí não saimos. A minha saida é de ordem religiosa, sob pena do negrume niilista à Pulido Valente.
Por outro lado, o próprio Lournço o diz noutro trecho, mesmo os grandes da direita (os Chateaubriand, os Proust, os Balzac) eram de esquerda na sua visão impiedosa da sociedade humana.
Eu aí afasto-me do maniquéismo esq.-dir. e remeto a questão para a raíz: liberdade e igualdade, onde ficam?
E mais, vejo o bem do conservadorismo (como o vejo no progressismo) tal como vejo o mal na revolução, intrinsecamente violenta (como o vejo na tirania, aliás).
Porque raio teremos de escolher entre o nosso lado esquerdo e o direito?
E fez muito bem em desatravessá-la.
Não saberei bem o que é o mal e saberei mal o que é o bem, mas, tal como a sua saída, a minha entrada é “religiosa”: Apenas sei que em nome do bem se tem feito o mal.
Por outro lado, julgo saber o que são a esquerda e a direita, para mim, a liberdade e a “igualdade” passam pela primeira e, recorrendo ao mais comezinho Billy Wilder, “o pecado mora ao lado” direito. Talvez por isso, confesso-me, não fui eu que escolhi a esquerda, mas sim ela que me escolheu, daí que há muito me sinta absolvido…
O abraço de sempre
bfs
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Não saberei bem o que é o mal e saberei mal o que é o bem, mas, tal como a sua saída, a minha entrada é “religiosa”: Apenas sei que em nome do bem se tem feito o mal.
Por outro lado, julgo saber o que são a esquerda e a direita, para mim, a liberdade e a “igualdade” passam pela primeira e, recorrendo ao mais comezinho Billy Wilder, “o pecado mora ao lado” direito. Talvez por isso, confesso-me, não fui eu que escolhi a esquerda, mas sim ela que me escolheu, daí que há muito me sinta absolvido…
O abraço de sempre
bfs
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