2.4.08
Para além da vida das abelhas e das flores 3: as nações desunidas
Talvez o exemplo mais paradigmático do Uni-Mutilateralismo seja a relação da América com a Organização das Nações Unidas (ONU).
Este pormenor fundamental, ajuda a explicar muitas das ambiguidades e contradições do próprio funcionamento da ONU, e a sua relação com a legitimidade internacional. Como se viu a propósito da crise do Iraque.
Na Crise do Iraque as preocupações com a segurança tinham níveis bastante diferenciados entre americanos, europeus, russos e chineses, e os interesses relativos ao petróleo eram nitidamente conflituantes. Franceses e russos estavam mais envolvidos no investimento e exploração dos poços iraquianos, mas os americanos nunca foram indiferentes a esses recursos. Em consequência, as “nações desunidas”, acordaram na identificação da ameaça, mas discordaram no modo de responder.
A evolução da crise levou os Estados Unidos a optarem pelo unilateralismo – apesar de nunca desistirem de envolver uma coligação alargada de países, e creio vir daí a atitude pouco sensata, de tentar convencer o CS, à última hora, com “provas” das ADM iraquianas (facto dispensável, que posteriormente eclipsou tudo o resto nesta história).
Mas não se pense que a determinação unilateral é exclusivo da administração Bush.
Já em
No mesmo sentido, em 1995, o ex-secretário geral da ONU, Boutros Boutros-Gali, na aplaudida “Agenda para a Paz” referiu a diversidade de modalidades para a defesa da Paz, incluindo o “desarmamento compulsivo” (e era do Iraque que fundamentalmente se tratava) “As Nações Unidas não têm nem reivindicam o monopólio de nenhum desses instrumentos. Todos eles podem ser utilizados (e foram-no de facto, na maioria dos casos) por organizações regionais, grupos de estados constituídos para o efeito ou Estados a título individual”.
O que os Estados Unidos fizeram em relação ao Iraque foi precisamente “constituir um grupo de estados para o efeito”, a Coligação.
Etiquetas: Iraque, ONU, politica