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La force des choses
30.3.08
 
Para além da vida das abelhas e das flores 1
A queda do Muro de Berlim e a implosão da União Soviética desmantelaram, há quase vinte anos, o sistema bipolar de relações internacionais, deixando em aberto a redefinição de uma nova ordem internacional.
Sem equilíbrio de poderes nem rival estratégico, os Estados Unidos da América afirmaram-se como super-potência, tornando obsoletos muitos dos paradigmas e conceitos até aí existentes.


Um deles foi o do estado soberano tradicional, herança antiga da ordem vestefaliana, que está hoje confrontado com poderosas pressões de cima, de baixo e de dentro, em virtude da globalização e da concorrência com outros actores internacionais (organizações internacionais, não governamentais, etc).
O estado já não detém o monopólio da força, como era pressuposto na ordem antiga, e a ameaça à segurança vém cada vez mais de grupos não estatais.
Hoje podemos dizer que a América é (ainda e por enquanto) o único poder totalmente soberano.
Outro paradigma que se alterou foi o Terrorismo, que nunca como hoje constituiu tão perigosa ameaça para a segurança internacional.
Além disso, é também evidente que essa ameaça é indissociável das armas de destruição massiva (ADM).
A redução das soberanias conjugada com estas ameaças – Terrorismo e ADM – aumenta exponencialmente o perigo para todos.

A Geopolítica mundial entrou assim numa nova fase.
Os analistas não se têm poupado a multiplicar visões para perceber o sentido da “nova ordem” pós guerra-fria: Fim da História, Choque das civilizações, Geopolítica do Caos, Pax americana, Idade imperial, etc.
Considero adequado definir a actual estrutura de poder mundial, como um modelo híbrido, complexo e original, que se pode designar por Uni-Multipolar*, caracterizado pela coexistência de dois vastos movimentos geostratégicos:
- Por um lado, a guerra contra o terrorismo, a proliferação das armas de destruição massiva;
- Por outro, o jogo de contenções múltiplas entre a pressão hegemónica dos EUA e os que se batem no sentido de a contrariar.


*Luís L. Tomé, Novo recorte geopolítico mundial, UAL 2004

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