Não vejo Bush como um idiota e apoiei o ataque a Saddam
Pacheco Pereira escreveu isto: "Existe em Portugal um delito de opinião para o qual uma pequena turba, que só parece grande porque é alimentada pelo silêncio de muitos, pede punição, censura, opróbrio, confissão pública do crime, rasgar de vestes. Esse delito de opinião é ter estado a favor da invasão do Iraque e é particularmente agravado nos casos raríssimos em que se continua a estar a favor, esses são de reincidência patológica que justificam prisão e banimento."
Sem pretender melindrar ninguém – apesar de não ver tais cuidados em redor – sinto-me obrigado a definir-me, porque tal como este meu amigo, devo ser honesto com a minha consciência. Fui a favor da intervenção no Iraque, e no meu caso o massacre vem de todos os lados. Na família, no café, em jantares de amigos, da esquerda à direita, sempre o mesmo. Não esperava era que a querela me lixasse o blog da minha particular afeição.
Creio que este meu delito se divide em três (que no fundo, se resumem ao terceiro):
1. Acho que George Walker Bush não é um idiota
2. Apoiei o ataque ao Iraque
3. Apoio a América (porque sou europeu!)
JPP diz também, com razão, que as críticas a Bush têm um precedente curioso, parecem as críticas a Churchill e a Reagan.
Trouxe-me à memória a ultima “batalha” da guerra fria em 1983, a chamada “Crise dos Euromísseis”, quando Ronald Reagan (esse outro grande idiota) fez a NATO colocar na Europa, mísseis de médio alcance para compensar os SS20 soviéticos já apontados à Europa ocidental. A histeria das manifestações “pacifistas” não mudou a determinação de Reagan, apresentado como um louco apostado na guerra nuclear; Reagan era demonizado como “a maior ameaça à vida na Terra”, tal como agora Bush “é mais perigoso que Bin Laden”. Também é dessa época aquele cúmulo de coragem, expresso pela brilhante frase “antes vermelhos que mortos”.
Na verdade, que me recorde (e já cá ando há uns tempos), não houve presidente americano que tenha escapado à “burrice crónica”, quando não acumulava também a falta de carácter.
Pergunto-me é como é que fariam Reagan, ou Clinton, ou outro qualquer perante um 9/11? … Com o medo, a insegurança e mais de 2/3 da população a querer respostas militares.
Acontece também que, apesar dos problemas na juventude, o burro do Doutor George W - é ridículo designá-lo assim, mas é como se diz cá na terra - é, curiosamente, o presidente com maior currículo académico, licenciado em História por Yale e o único com um MDB (Harvard).
Acontece também que, apesar da questão dita da “batota” na primeira eleição – resolvida pela lei – foi claramente reeleito para segundo mandato pelo povo americano, que é perante quem responde. A burrice fica então generalizada aos americanos… o que nos deveria fazer reflectir (e desconfiar) nas nossas europeias certezas.
Acontece também ainda, que apesar de “burro” e dos erros graves – mas quase todos depois a invasão - concordo com o essencial disto:
"Desde o horror do 9/11, aprendemos muito sobre o inimigo. Aprendemos que são perversos e matam sem piedade – mas não sem sentido. Aprendemos que formam uma rede global de extremistas guiados por uma visão distorcida do Islão – uma ideologia totalitária que odeia a liberdade, rejeita a tolerância e despreza toda a dissidência. E aprendemos que a sua meta é a construção de um império islâmico radical onde as mulheres serão prisioneiras nas suas casas, os homens açoitados por faltarem à oração e os terroristas terão um “santuário” para planear e lançar ataques sobre a América e outra nações civilizadas. A guerra contra este inimigo é mais do que um conflito militar. É uma luta ideológica decisiva do século XXI, e o desafio da nossa geração.
(…) E nós sabemos que se fossem capazes de pôr as mãos em armas de destruição massiva, as usariam contra nós.
(…) Os terroristas receiam a liberdade, tanto como o nosso poder de fogo. Entram em pânico à vista de um velho votando, de raparigas inscrevendo-se nas escolas ou de famílias rezando ao Deus das suas tradições próprias. Eles sabem que dada a escolha, o povo preferirá a liberdade à sua ideologia extremista. Assim a sua resposta é negar ao povo essa escolha atacando as forças da liberdade e moderação. Esta luta tem sido apelidada de “choque de civilizações”. Na verdade é uma luta pela civilização." (George W. Bush, discurso no quinto ano de guerra no Iraque)
A burrice de Reagan, desde os Euromísseis até á guerra das estrelas, acabou como acabou, em 1989.
A de Bush ficará ligada ao Iraque. Aos erros graves, como a táctica inicial de Paul Bremer, a tremenda derrapagem financeira actual, a mortandade - para quem gosta de numeros, convém registar que não são 4.000, mas 7.000 as baixas americanas actuais; levavam 3.000 de avanço desde 9/11; e convém também destrinçar, quem mata quem - mas também aos sucessos, como o derrube da tirania dos carniceiros psicopatas ou a eleição do primeiro governo legitimo na Mesopotâmia. Alguém sabe como acabará? Eu não. Não me parece é que, atitudes de princípio dependam de sucessos ou insucessos, mas ao invés.
E na minha burrice, ocorre-me que a questão de fundo, o desconforto de muitos, é ideológico - anti-americano, tal como em tempos existiu um atávico anti comunismo. Não digerimos a queda do muro, sentimo-nos desconfortáveis no sistema, criticamos todos os movimentos do “império”… mas para além de conversar sobre a vida das abelhas e das flores, demonizando desgostos em simultâneo, não colocamos uma única alternativa realista.
Demonizar Bush desumanizando-o, como dizia o Tiago, não permite uma grande conversa. Pelo meu lado, não consigo engulir absolutismos ideológicos, nem vejo inteligência em demonizações; por certo sou mal formado, e de uma crueldade sem limites. Claro!
Etiquetas: bush, norte américa, politica
Concordo com grande parte do que dizes aqui. Sobretudo porque também já ando cá há algum tempo e me lembro perfeitamente de como era tratado o Reagan na altura da guerra fria, e o lugar que a História agora lhe reserva. A mim aflige-me a cobardia, o não meter as mãos nos problemas com medo de as sujar.
nesta estamos em sintonia. Recordo o que disseste em relação ao avançado que falha o golo: para falhar, quer dizer que pelo menos tentou.
Uma coisa que já reparei nos detractores de Bush é que enquanto à esquerda a tónica se põe nos números de mortos (e como se a chacina fosse perpretada directamente pelos americanos), à direita a tónica são os numeros mas do dinheiro, do custo exponencial da ocupação; é curioso como as diferenças se unem...
Mas faltou-me aqui a crítica à administração americana, em especial aos neocons, à sua influencia e à irresponsabilidade.
Desagrada-me também aparentar que gosto (ou sou insensível) à guerra
Só que sinto um abuso quando a critica deixa de ser calma e limpa e passa a ser maniqueísta com processos de intenção, como se está já a passar com as criticas ao Jpp.
Por outro lado, como mostrou Reagan, há mais marés que marinheiros...
só três ou quatro pequenas notas, e porque linkaste o meu post:
1) dizes que «convém também destrinçar quem mata quem» no mesmo texto em que atribuis os mortos do WTC (não foram apenas americanos a morrer aí) à Guerra do Iraque. Quanto ao rigor, fico esclarecido. ;)
2) Não sou anti-americano. Pelo contrário. Gosto bastante (do que conheço) dos Estados Unidos. Mais do que a grande maioria de outros países ou regiões.
3) Não demonizo o Bush, como o Tiago me acusou. Nem demonizo o Hitler, quanto mais esse pateta.
4) Continuo sem perceber por que razão ainda pensas que a Guerra ao Iraque foi uma boa opção - mas, claro, só o explicas se quiseres.
Abraço.
linkei-te, mas o que fiz é fundamentalmente uma tomada de posição e não uma resposta. Mas óbviamente que em parte também era para ti...
pois então peço desculpa, foram 2902 americanos de origem. Desclpa, pensei que os outros também se podiam contar. Mas não estava com pretensões a tanto rigor, principalmente quis focar o facto que mudou a estratégia de segurança nacional americana, levando ao controverso conceito de "guerra preventiva".
Quanto ao anti americanismo, também pretendo focar a antipatia pelo sistema politico-económico, é mais isso... e aqui não me refiro a ti em especial, não sei medir o teu grau de "anti-capitalismo", se é pouco ou muito...
Quanto ao demónio, mais uma vez tenho que pedir desculpa. De facto há três forma de diminuir o "outro" (Bush no caso). Ou é ignorante, ou é burro, ou é mesmo mau. Como dizes o pateta, penso que optas pela segunda, é burro, o que até o iliba de maldade. Sóque mantém-se o que dizia, quando se diminue, e não se reconhece o outro, está-se a desumanizar a conversa, estás a diminuir o próprio diálogo, como Bush ou com quem - grande pecado - o defende... como eu.Eutambém não demonizo (gostei do teu texto e concordo contigo) Hitler, nem Stalin, no entanto considero-os psicopatas, como Saddam, aliás.
Agora a guerra... uma boa opção.
Carlos, considero a guerra uma má opção, um crime. Mas Carlos, por vezes não há boas opções (talvez aceites isto, ao menos) e acredito que deixar as coisas correrem era a pior. Lamento muito, lamento tudo, a destruiçãoe os mortos. Faço notar que os soldados americanos são voluntários profissionais bem pagos e não cosncriptos como no Vietnam. Faço também notar que Saddam se tinha algum afect pelos seus, podia ter abandonado o país, isso foi-lhe facultado.
Não quero alargar-me, mas guerra explica-se pelo evoluir de uma controversia com a ONU. Fala-se muito em direito internacional, mas a fonte de legimidade é e só a ONU. Saddam contribuiu durante anos, desde a outra guerra do golfo ( a 2ª) para desacreditar a ONU; violou 17 vezes resoluções do Conselho de Segurança (lembro que ninguém vetou) e em particular a célebre 1441 que afirmava o Iraque em "estado de permanente incumprimento material" e avisava para "as seérias consequencias" que teria de enfrentar"; Bush, nesse ano de 2002, na Assmbleia da ONU deixou claro a todos que ou o CS impunha o respeito pelas suas próprias resoluções ou seriam os EUA a fazê-lo. Saddam continuou no jogo do gato e do rato, dizendo que os EUA eram um tigre de papel, pouco colaborando e sendo ambíguo em relação às ADM (que já tinha usado, frize-se); podia ter aberto o jogo (devo dizer que ainda é um mistério, o que aconteceu aos arsenais quimicos e aos scud).
a opção americana era deixar andar como até aí ou mudar o jogo dele. O 11/9 mostra que a primeira não é opção. Nota que, como diz o Pacheco, pode-se discutir a resposta, e aceito que o ataque esteja errado. mas deixar andar não era opção, e os mortos também não é argumento de todo. No fim da guerra do Kwait os americanos (os aliados, para não me acuses de novo de imprecisão) pararam e oresultado foram centens de milhar de mortos xiitas na revolta do Sul.
Ali morre-se mexendo ouficando parado.
Meu caro CC, não pretendo ser o dono da verdade, mas nisto de crimes de guerra, realmente só melembro da frase: haja quem atire a primeira pedra.
Claro que não és tu nem eu, felizmente, estamos livresde decidir da vida e da morte de milharesde humanos. Pergunto-me o que nos aconteceria e que decisões tomariamos em lugaresdaqueles, onde deixamos de poder fazer o que queremos para ter que pensar naquilo que é o interesse nacional. Deus me livre disso, mas é uma razão para tentar compreender e não para (descupa lá) com o peito cheio desclassificar o "pateta". Não tu, mas em muitos casos só porque é moda e viram o Michael Moore.
Vou ver se posto, serenamente, coisas sobre isto nos próximos dias. Não é na caixinha dos comments que se diz tudo.
Abraço e até breve Carlos... e acredito, que acreditas, no que dizes :)
Já agora, Israel, por que nutres um afecto quase divino (é o contrário da desumanização), também é sistematicamente violador das resoluções da ONU. Que fazer? Atacar Israel?
E, correndo o risco de isto não passar de uma ténue amostra do que seria uma mediana conversa de café, aproveito para colocar duas questões, que nunca tive o privilégio de ver respondidas:
1) se uma das causas (na impossibilidade de sustentar as mentiras que foram apresentadas à população mundial, como a existência de ligações do Saddam com a Al-Qaeda e a tais armas de destruição massiva) foi o ataque às torres gémeas, que lógica tem atacar um país que não teve gente envolvida nesse ataque (como teve o Afeganistão, o Paquistão e a Arábia Saudita, por exemplo)?
2) se causa da Guerra era o terrível regime ditactorial e repressivo do Saddam, é lícito aplicar o mesmo critério a outros países e declarar-lhes guerra (apenas com forças armadas voluntárias, claro, eh! eh!)?
E continuamos por onde? Pelo regime tirano que é a ditadura chinesa, que oprime o seu povo e esmaga o espiritual povo tibetano? Ou pela Arábia Saudita? Ou pela Coreia do Norte? Ou escolhemos ao acaso em África, que está repleta de países nestas condições?
Abraço.
CC
PS: Peço desculpa por ter chamado "pateta" ao teu amor. No entanto, parece-me que chamar "psicopata" ao Saddam também não é muito bonito.
PPS: Como vês, o JPP também insultou o sr. Bush. Acusou-o, nesse mesmo artigo que citas, e a toda a Administração americana de ignorante e incompetente. Lá está a desumanização da criatura. Lê lá: «Muito do que aconteceu no Iraque deve-se a erros cometidos depois da invasão, uns inevitáveis devido ao modo ingénuo, ignorante e incompetente como foi previsto o período da ocupação, outros perfeitamente evitáveis e que se devem a erros clamorosos da Administração Bush».
Gostei do post (com excepção do que está em itálico, que não consumo) e dos comentários anteriores.
Bush existe, mexe-se e mata, aqui está a prova.
Bom fim de semana
Abraço
Peço desculpa da demora, só hoje tenho mais tempo para te responder.
Começo por repetir uma coisa que já disse: não pretendo ser o dono da verdade e o que fiz foi fundamentalmente uma tomada de posição porque devo ser honesto com a minha consciência.
Redito isto, levantas então várias questões:
1 - A graça que tem falar da ONU como fonte de legitimidade
2 - O forçado que é insinuar que o Bush estava farto de incumprimentos
3 - Dizer que a culpa é do Saddam porque não colaborou com a guerra que lhe queriam fazer
4 - E que fazer com Israel (já agora, pois vem sempre a propósito, claro), violador sistemático e meu amor quase divino
1. Posso dizer-te que Israel, tendo sido condenado, creio que centenas de vezes (a maior parte delas durante a guerra fria) foi sempre com base no capítulo VI da Carta da ONU – intervenção na solução pacifica de conflitos – e nunca no capítulo VII – ameaça à paz – que é o único que permite medidas coercivas. A razão como adivinhas está no veto americano, o que aliás acontece sempre com as cinco potências permanentes no Conselho de Segurança; por via do veto nunca os EUA, a França, a Inglaterra, a Rússia, a China, ou os seus protegidos e amigos estão sob a alçada de uma resolução hostil do CS.
Será injusto, mas é a regra do jogo e não a vou discutir agora.
Quero apenas focar que, diferentemente do costume, no caso do Iraque o CS votou por unanimidade a resolução 1441 com carácter obrigatório. Isto é raro e implica que quando o estado visado for renitente, depois de esgotadas as vias diplomáticas (a paciência) o CS aja pela força. O veto da França e da Rússia à utilização da força é contraditório com a resolução e deveu-se aos interesses económicos (contratos comerciais) que detinham no Iraque. No fundo queriam prolongar o jogo de Saddam, preferindo a desautorização do CS ao seu próprio prejuízo… tens dúvidas?
A França chegou a propor um plano meu maluco (plano Mirage) para criar uma força de capacetes azuis, com apoio aéreo, que acompanhasse os inspectores … como se eles pudessem depois, abrir à força as portas que Saddam lhes fechasse.
2 – Forçado não é Carlos, não é. Repito-te que os EUA afirmaram por diversas vezes antes, e claramente na Assembleia da ONU que o desafio às resoluções coercivas do CS, ou era respondido pelo CS ou seriam eles a responder. Dizer que se vai obrigar ao abrigo da Carta e depois deixar alimentar permanentemente o impasse, além de desprestigiar completamente a ONU é incoerente. Os EUA avisaram, podiam e fizeram; apesar do discurso muito difundido, que os caracterizava (e à ONU) como “tigres de papel”. Nota uma coisa Carlos, não estou a advogar o império da força, digo é que se as regras internacionais se fizerem respeitar, então cai-se no regime da força, uma lógica leva à outra.
3 – É sim Carlos. O Iraque violou um tratado de não-proliferação e não colaborou como devia no cumprimento das resoluções do CS. Bastaria tê-lo feito, não fosse o orgulho megalómano desse anjinho com quem és tão compreensivo.
4 – Que fazer com Israel (e tens razão, tenho um afecto especial por Israel, mas não divinizo, descansa)? Pois então, uma expedição militar punitiva, Carlos. Agradava-te? Não sei bem quem, talvez aguardar que o Irão se arme melhor. Espero é que não estejas á espera que sejam o EUA a fazê-lo, não se bate em amigos não é?
Mas digo-te que não me agrada nada o que se tem passado vai para um século, na Palestina. Considero a situação de Gaza terrorismo de estado na prática, mas a situação é complexa, pode-se perguntar que ganhou Israel com o estabelecimento no território da autoridade palestiniana: bombas em autocarros; e que ganhou em evacuar Gaza (retirando colonos à força): rockets diários. Achas o Hamas inocente, usando o seu próprio povo como escudo?
Israel é o bode expiatório para tudo o corre mal no mundo árabe. Tu desculpa, trazes-me à memória a frase de um judeu “a diferença entre nós e os europeus é que nós vivemos no Médio Oriente e vocês vivem na Disneylandia”.
Colocas depois mais duas questões:
1.Se uma das causas foi o ataque às torres gémeas, que lógica tem atacar um país que não teve gente envolvida nesse ataque?
Tem a lógica da defesa americana “se esperarmos demais que as ameaças se materializem plenamente, teremos esperado demais”; é esta a base da mal entendida (que não vou explicar agora) doutrina estratégica preemtiva dos americanos desde do 9/11. Anteriormente esperavam o ataque, agora não, é esse o link Carlos.
Quanto às mentiras, para além de concordar mais uma vez com o Jpp no Público de hoje – imagino-te a rir, mas recordo que não é lógico alguém, sem necessidade, expor-se com mentiras para depois cair no descrédito, eles e muitos estavam convencidos. Não deviam, nem precisavam de ter mentido - lembro que a acusação das ADM tinha antecedentes de utilização no Norte do Iraque (portanto se não tinham, tiveram-nas) mas era apenas uma das razões da guerra, depois dos direitos humanos sempre violados magnanimamente, como o massacre de Bassorá após a primeira a derrota no Kuwait, depois do apoio ao terrorismo do Hamas (apoio às famílias dos suicidas, por exemplo), depois das razões estratégicas dos EUA no Médio Oriente e no petróleo, depois do desafio permanente ao CS da ONU… enfim, mas penso que, tirando um desembarque iraquiano em Manhatan, nenhuma razão será boa para ti.
2- Se causa da Guerra era o terrível regime ditatorial e repressivo do Saddam, é lícito aplicar o mesmo critério a outros países e declarar-lhes guerra.
Não, não me parece que seja Carlos. Como já te disse acima, a causa não é só o “terrível regime” (que pareces subestimar ironizando, não sei porquê), a causa fundamental é aquilo que a administração americana (erradamente claro) considerou o seu interesse estratégico nacional. Tentaram actuar de forma multilateral legitimada (procuraram legitimar-se, diferentemente da prática de outros estados, mas suponho que não verás aí nenhum progresso para a Paz) pela ONU. Não podendo obter uma nova resolução para o uso da força, agiram “unilateralmente” como tinham afirmado claramente que fariam.
Continuamos por onde?
Não percebo porque se põe sempre essa questão. Acaso os EUA são o braço armado da ONU? Pareces tu que queres que sejam os polícias do Mundo. Os EUA já disseram por diversas vezes - incluindo a administração Clinton, para que não se pense que é só o “pateta” – que agirão sempre e só quando a sua segurança nacional estiver em causa, primeiro tentarão agir multilateralmente (em especial em causas comuns como a luta contra o terrorismo) mas se necessário agirão unilateralmente. Esta é a forma como vêm lidando com os outros dois membros do famigerado “eixo do mal”, o Irão e a Coreia do Norte. O Iraque foi um caso excepcional em que o recuo da França e da Rússia (por interesses próprios, isto é, dinheiro) também contribuiu para desacreditar, não só a ONU mas a determinação americana inclusive. Para teu esclarecimento, nesse sentido estrito, considero a França e a Rússia também responsáveis pela guerra.
Também não compreendo muito bem os teus sorrisos relativos às forças voluntárias americanas no Iraque. Achas mal? Achas que são forçados? Serão mal pagos? Enfim.
Seriam preferíveis (no caso de irem, claro) conscritos para depois se poder dizer que são obrigados… e, de facto, mesmo assim há quem o diga.
Carlos, tomara eu que, para começar houvesse paz.
Não acredito é que seja possível ficando todos espectadores do ódio insuflado diariamente nas populações.
Acredito que lutando, tentando com a democratização politica (não necessariamente segundo o modelo ocidental), com a educação decente (não com o fanatismo das madrassas), com desenvolvimento económico (e o investimento não conjuga nada com instabilidade) e com tempo, sangue, suor e lágrimas se poderá melhorar.
E entendo que os europeus devem sair da Disneylandia e ir ajudar a América.
Carlos, mas isto sou eu que vejo mal… as cataratas, lembras-te?
Um abraço
se houver aqui algum maluco serei eu e não tu ;)
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