O demónio pelas costas...

Como de costume, não estou no coro de Deo Gracias mundial. Nada tenho contra a nova esperança. Fico contente pelo ver o sonho do Martin realizar-se, finalmente... em parte... mas nunca demonizarei Bush.
Um saloio texano, ok!... Mas se não foi o melhor presidente, garanto eu que não foi o pior, nem lá perto! Um gajo que, simultaneamente, leva com o maior ataque em território americano desde Pearl Harbour, com a maior crise económica desde 1929, para já não falar de um dos mais brutais ataques da natureza dos dois ultimos séculos... precisava de ser um misto de Kennedy, Roosevelt e Lincoln para se safar. E não era, admito.
"I think personally he is a good man who loves his family and loves his country. And I think he made the best decisions that he could at times under some very difficult circumstances" disse o novo presidente. Eu, saloio alfacinha, concordo contigo, mas hoje estamos quase sózinhos, Barack.
Bye bye Bush!
We Bushes cry easily. But not today.
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Política

(Vladimir Putin 10/05/06)
Etiquetas: bush, politica, putin
Não vejo Bush como um idiota e apoiei o ataque a Saddam
Pacheco Pereira escreveu isto: "Existe em Portugal um delito de opinião para o qual uma pequena turba, que só parece grande porque é alimentada pelo silêncio de muitos, pede punição, censura, opróbrio, confissão pública do crime, rasgar de vestes. Esse delito de opinião é ter estado a favor da invasão do Iraque e é particularmente agravado nos casos raríssimos em que se continua a estar a favor, esses são de reincidência patológica que justificam prisão e banimento."
Sem pretender melindrar ninguém – apesar de não ver tais cuidados em redor – sinto-me obrigado a definir-me, porque tal como este meu amigo, devo ser honesto com a minha consciência. Fui a favor da intervenção no Iraque, e no meu caso o massacre vem de todos os lados. Na família, no café, em jantares de amigos, da esquerda à direita, sempre o mesmo. Não esperava era que a querela me lixasse o blog da minha particular afeição.
Creio que este meu delito se divide em três (que no fundo, se resumem ao terceiro):
1. Acho que George Walker Bush não é um idiota
2. Apoiei o ataque ao Iraque
3. Apoio a América (porque sou europeu!)
JPP diz também, com razão, que as críticas a Bush têm um precedente curioso, parecem as críticas a Churchill e a Reagan.
Trouxe-me à memória a ultima “batalha” da guerra fria em 1983, a chamada “Crise dos Euromísseis”, quando Ronald Reagan (esse outro grande idiota) fez a NATO colocar na Europa, mísseis de médio alcance para compensar os SS20 soviéticos já apontados à Europa ocidental. A histeria das manifestações “pacifistas” não mudou a determinação de Reagan, apresentado como um louco apostado na guerra nuclear; Reagan era demonizado como “a maior ameaça à vida na Terra”, tal como agora Bush “é mais perigoso que Bin Laden”. Também é dessa época aquele cúmulo de coragem, expresso pela brilhante frase “antes vermelhos que mortos”.
Na verdade, que me recorde (e já cá ando há uns tempos), não houve presidente americano que tenha escapado à “burrice crónica”, quando não acumulava também a falta de carácter.
Pergunto-me é como é que fariam Reagan, ou Clinton, ou outro qualquer perante um 9/11? … Com o medo, a insegurança e mais de 2/3 da população a querer respostas militares.
Acontece também que, apesar dos problemas na juventude, o burro do Doutor George W - é ridículo designá-lo assim, mas é como se diz cá na terra - é, curiosamente, o presidente com maior currículo académico, licenciado em História por Yale e o único com um MDB (Harvard).
Acontece também que, apesar da questão dita da “batota” na primeira eleição – resolvida pela lei – foi claramente reeleito para segundo mandato pelo povo americano, que é perante quem responde. A burrice fica então generalizada aos americanos… o que nos deveria fazer reflectir (e desconfiar) nas nossas europeias certezas.
Acontece também ainda, que apesar de “burro” e dos erros graves – mas quase todos depois a invasão - concordo com o essencial disto:
"Desde o horror do 9/11, aprendemos muito sobre o inimigo. Aprendemos que são perversos e matam sem piedade – mas não sem sentido. Aprendemos que formam uma rede global de extremistas guiados por uma visão distorcida do Islão – uma ideologia totalitária que odeia a liberdade, rejeita a tolerância e despreza toda a dissidência. E aprendemos que a sua meta é a construção de um império islâmico radical onde as mulheres serão prisioneiras nas suas casas, os homens açoitados por faltarem à oração e os terroristas terão um “santuário” para planear e lançar ataques sobre a América e outra nações civilizadas. A guerra contra este inimigo é mais do que um conflito militar. É uma luta ideológica decisiva do século XXI, e o desafio da nossa geração.
(…) E nós sabemos que se fossem capazes de pôr as mãos em armas de destruição massiva, as usariam contra nós.
(…) Os terroristas receiam a liberdade, tanto como o nosso poder de fogo. Entram em pânico à vista de um velho votando, de raparigas inscrevendo-se nas escolas ou de famílias rezando ao Deus das suas tradições próprias. Eles sabem que dada a escolha, o povo preferirá a liberdade à sua ideologia extremista. Assim a sua resposta é negar ao povo essa escolha atacando as forças da liberdade e moderação. Esta luta tem sido apelidada de “choque de civilizações”. Na verdade é uma luta pela civilização." (George W. Bush, discurso no quinto ano de guerra no Iraque)
A burrice de Reagan, desde os Euromísseis até á guerra das estrelas, acabou como acabou, em 1989.
A de Bush ficará ligada ao Iraque. Aos erros graves, como a táctica inicial de Paul Bremer, a tremenda derrapagem financeira actual, a mortandade - para quem gosta de numeros, convém registar que não são 4.000, mas 7.000 as baixas americanas actuais; levavam 3.000 de avanço desde 9/11; e convém também destrinçar, quem mata quem - mas também aos sucessos, como o derrube da tirania dos carniceiros psicopatas ou a eleição do primeiro governo legitimo na Mesopotâmia. Alguém sabe como acabará? Eu não. Não me parece é que, atitudes de princípio dependam de sucessos ou insucessos, mas ao invés.
E na minha burrice, ocorre-me que a questão de fundo, o desconforto de muitos, é ideológico - anti-americano, tal como em tempos existiu um atávico anti comunismo. Não digerimos a queda do muro, sentimo-nos desconfortáveis no sistema, criticamos todos os movimentos do “império”… mas para além de conversar sobre a vida das abelhas e das flores, demonizando desgostos em simultâneo, não colocamos uma única alternativa realista.
Demonizar Bush desumanizando-o, como dizia o Tiago, não permite uma grande conversa. Pelo meu lado, não consigo engulir absolutismos ideológicos, nem vejo inteligência em demonizações; por certo sou mal formado, e de uma crueldade sem limites. Claro!
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