29.6.05
Vertigem moral
Dennis Mecham
Estou cansada de confiar em mim própria, de me lamentar a mim mesmo, de me apiedar, com lágrimas, sobre o meu próprio eu.
Acabo de ter uma cena…
No fim dela senti de novo um desses sintomas que cada vez se tornam mais claros e sempre mais horríveis em mim: uma vertigem moral.
Na vertigem física há um rodopiar do mundo externo em relação a nós: na vertigem moral, um rodopiar do mundo interior.
Parece-me perder, por momentos, o sentido da verdadeira relação das coisas, perder a compreensão, cair num abismo de suspensão mental.
É uma pavorosa sensação esta de uma pessoa se sentir abalada por um medo desordenado.
Estes sentimentos vão-se tornando comuns, parecem abrir o caminho para uma nova vida mental, que acabará na loucura.
(Traduzido e adaptado do Diário inglês do jovem Fernando António, July 25-1907)
Comments:
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Estou colado ao estofo da cadeira, CBS!
Espantoso.
Quem é este jovem?
E a fotografia! Casa na perfeição!
Espantoso.
Quem é este jovem?
E a fotografia! Casa na perfeição!
Imagem deliciosa para texto de arrepiar os espíritos mais "adormecidos"...
... fez-me lembrar isto que li há dias... "J'ai 20 ans. Je ne suis plus un adolescent, mais je ne me sens pas encore adulte. Alors où j'en suis maintenant ? Qui suis-je ? Que fais-je de ma vie ?" está no Journal Intime... (aqui pela rede)
... fez-me lembrar isto que li há dias... "J'ai 20 ans. Je ne suis plus un adolescent, mais je ne me sens pas encore adulte. Alors où j'en suis maintenant ? Qui suis-je ? Que fais-je de ma vie ?" está no Journal Intime... (aqui pela rede)
não sei, mas parece-me que a vertigem moral se deve à existência de desejos contraditórios que não são suprimidos ou pelo menos hierarquizados; advém de querer uma coisa e o seu contrário; por exemplo, no caso de Fernando António - e aqui parabéns pelo achado, pois o corte do nome faz com que o autor pareça outro e por isso ganhe nova frescura - por exemplo, de por um lado querer fazer arte e por outro não querer sofrer as consequências de a fazer: a incompreensão e a ingratidão perante tamanho lavor. um abraço.
Obrigado maria
É.
Um texto íntimo e arrepiante, que em muitos casos já sentimos.
Csa
O texto é do Diário do Fernado Pessoa (Fernando António Nogueira Pessoa).
Original em inglês, tinha ele 19 anos.
Como queria pôr esta bonita foto, mudei-lhe o sexo.
Uma treta, é eu que gosto de armar...
;)
É.
Um texto íntimo e arrepiante, que em muitos casos já sentimos.
Csa
O texto é do Diário do Fernado Pessoa (Fernando António Nogueira Pessoa).
Original em inglês, tinha ele 19 anos.
Como queria pôr esta bonita foto, mudei-lhe o sexo.
Uma treta, é eu que gosto de armar...
;)
Caro Fernando Navegador
Gosto de ouvir de ti
:)
Contradições, mas não só, por vezes é mesmo a impotencia que nos leva ao desepero.
A vertigem, o enjoo são apenas sintomas; desmboca tudo normalmente na depressão, antes, muito antes da loucura.
É que no diário, a história é sobre as discussões do jovem Pessoa com as suas tias, estas tentando dominá-lo. O rapaz tinha 19 anos e já não encaixava nos padrões das velhotas, mas elas é que tinham a chave do "cofre".
Como vês nada de anormal.
Só que é dito num génio.
Gosto de ouvir de ti
:)
Contradições, mas não só, por vezes é mesmo a impotencia que nos leva ao desepero.
A vertigem, o enjoo são apenas sintomas; desmboca tudo normalmente na depressão, antes, muito antes da loucura.
É que no diário, a história é sobre as discussões do jovem Pessoa com as suas tias, estas tentando dominá-lo. O rapaz tinha 19 anos e já não encaixava nos padrões das velhotas, mas elas é que tinham a chave do "cofre".
Como vês nada de anormal.
Só que é dito num génio.
"Estou cansada de confiar em mim própria, de me lamentar a mim mesmo, de me apiedar, com lágrimas, sobre o meu próprio eu."
Também eu...
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Também eu...
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