7.7.11
O esquecimento da Vida e a sua evocação patética… na angústia!
Deve-se ao génio de Kierkegaard o ter ligado, logo à partida, o conceito de angústia* ao conceito de possibilidade ou de poder. A favor de tal conexão está não só o facto de ser uma tonalidade afectiva fundamental – ao mesmo nível que o Sofrer ou o Fruir, ou ainda, para nos cingirmos ao quadro kierkegaardiano, do Desespero – que se encontra no centro da problemática filosófica, mas é também o pathos em geral, que obtém nesta, um lugar que jamais tinha ocupado. E uma tal precedência reconhecida à Afectividade, de modo algum a isola. Ligada ao poder, a Afectividade é interpretada como o princípio da acção, de modo que esta não pode mais ser compreendida sem a sua motivação real que, precisamente, é uma motivação afectiva. Mais, a Afectividade não fornece apenas à acção, a sua verdadeira motivação, ela constitui a sua essência, e isto porque constitui a essência da realidade. Relacionando angústia e possibilidade (potência), Kierkegaard convidava Michel Henri a pôr à prova a sua própria tese, segundo a qual é a Afectividade transcendental que constitui a possibilidade interior de toda a força concebível, de todo o poder.
* Le concept de l’angoisse, trad. K. Ferlov e J. Gateau, Paris, Galimard
Etiquetas: filosofia, kierkegaard, Michel Henri