11.8.10
Para-teoria 7: o caroço
Whatever we inherit from the fortunate
We have taken from the defeated…
(T. S. Elliot)
A aversão ao Moderno, é a quarta característica que julgo residir na identidade portuguesa; é recente, surgiu no início do século XIX, e traduz o conflito implícito nos anteriores parâmetros, a tensão entre o “antigo” e as novidades “exóticas” vindas de fora: a modernidade imposta a uma população antiga. Apesar de adaptações mútuas, em revoluções, guerras e regenerações, penso que a luta entre o “atraso” e o “progresso” permanece nas mentes. Entretanto o que é antigo vai-se metamorfoseando, mas o “caroço” de que falava Valente, esse permanece no fundo. O povo português não nunca assume, verdadeiramente, um espírito racional moderno. E desde Garrett a Pessoa que a poesia persiste, convicta, nessa celebração rústica do “bom senso”, do “haja quem mande” e do “graças a Deus”. Diz Pessoa: Que importa o areal e a morte e a desventura, Se com Deus me guardei? É O que me sonhei que eterno dura, É esse que regressarei.
Serão estes quatro factores resumidos, que dão corpo ao Mito de Portugal, que em grande parte correspondem aos valores “perenes” da direita, penso eu. Mas não nos iludamos, são também da esquerda, excepção feita na aversão à modernidade (explícita, porque até na esquerda julgo desvendar a veneração pelo antigo). Este é o país que se julgou “o mais liberal da Europa” (1820), “o mais avançado da Europa” (1910) e o “mais socialista da Europa” (1975); E nos intervalos uma “ilha de paz no conflito universal” (1801 a 1807 e 1939 a 1945), “o primeiro reduto contra a peste revolucionária” (até 1820), o “paraíso da concórdia e progresso” (de 1851 a 1864 e de 1871 a 1890), o “mais lúcido defensor de ocidente” (de 1961 a 1974).
Seria bom que o antigo e o novo que conflituam na nossa intimidade, se conjugassem finalmente (novamente?) para benefício mútuo. Porque também nas nossas elites, por mais polpa que apresentem (os estrangeirismos do costume), o “caroço” é o mesmo… há um pragmatismo lusitano, que sem assumir completamente os tempos novos, é capaz de extraordinárias adaptações para resolver o presente.
We have taken from the defeated…
(T. S. Elliot)
A aversão ao Moderno, é a quarta característica que julgo residir na identidade portuguesa; é recente, surgiu no início do século XIX, e traduz o conflito implícito nos anteriores parâmetros, a tensão entre o “antigo” e as novidades “exóticas” vindas de fora: a modernidade imposta a uma população antiga. Apesar de adaptações mútuas, em revoluções, guerras e regenerações, penso que a luta entre o “atraso” e o “progresso” permanece nas mentes. Entretanto o que é antigo vai-se metamorfoseando, mas o “caroço” de que falava Valente, esse permanece no fundo. O povo português não nunca assume, verdadeiramente, um espírito racional moderno. E desde Garrett a Pessoa que a poesia persiste, convicta, nessa celebração rústica do “bom senso”, do “haja quem mande” e do “graças a Deus”. Diz Pessoa: Que importa o areal e a morte e a desventura, Se com Deus me guardei? É O que me sonhei que eterno dura, É esse que regressarei.
Serão estes quatro factores resumidos, que dão corpo ao Mito de Portugal, que em grande parte correspondem aos valores “perenes” da direita, penso eu. Mas não nos iludamos, são também da esquerda, excepção feita na aversão à modernidade (explícita, porque até na esquerda julgo desvendar a veneração pelo antigo). Este é o país que se julgou “o mais liberal da Europa” (1820), “o mais avançado da Europa” (1910) e o “mais socialista da Europa” (1975); E nos intervalos uma “ilha de paz no conflito universal” (1801 a 1807 e 1939 a 1945), “o primeiro reduto contra a peste revolucionária” (até 1820), o “paraíso da concórdia e progresso” (de 1851 a 1864 e de 1871 a 1890), o “mais lúcido defensor de ocidente” (de 1961 a 1974).
Seria bom que o antigo e o novo que conflituam na nossa intimidade, se conjugassem finalmente (novamente?) para benefício mútuo. Porque também nas nossas elites, por mais polpa que apresentem (os estrangeirismos do costume), o “caroço” é o mesmo… há um pragmatismo lusitano, que sem assumir completamente os tempos novos, é capaz de extraordinárias adaptações para resolver o presente.
Etiquetas: portugal, teoria do estado