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La force des choses
28.9.09
 
lordelo de ouro
O abraço do meu pai à minha mãe. Acaba de vencer no circuito do Lordelo (Porto), estava-se em 1962
A verdade é que, quando folheio revistas de carros clássicos fico sempre na expectativa de ler referencias ao meu pai; e quando encontro, confesso que sinto um misto de vaidade e saudade. Aconteceu agora na Topos e Clássicos de Setembro, num artigo José Mota Freitas sobre os Mini de competição em Portugal. A dada altura, li estas carinhosas palavras que me provocaram o tal sentimento de filho:"Na 30ª posição aparece um Senhor do automobilismo nacional, infelizmente já desaparecido, mas que aliava excelentes dotes de piloto à preparação de automóveis na sua oficina Auto-Galáxia e também à prática do jornalismo, já que foi durante muitos anos colaborador especializado do jornal Motor. Segundo diz quem bem o conheceu e o viu correr, José Batista dos Santos era um bom condutor e melhor preparador ainda, programava as corridas muito a sério, a preparação dos carros, os treinos, tudo. Tinha um feitio um pouco ditatorial e não era muito amado pelos adversários. Teve Minis desde o 850 ao Cooper S, que veio numa altura em que se tornou garagista, talvez por isso nunca rodou nos Mini como nos Alfas e possivelmente pelo facto de a idade começar a contar, não era fácil sair de carros maiores para os Mini que disparavam bem mas exigiam uma condução diferente…"
Comoveu-me a menção, que agradeço ao José Mota Freitas, propondo-me ao prazer de as comentar.
Primeiro, temos que corrigir a foto apresentada na revista, que é do saudoso Jorge Passanha (nº 40), antes de partir, no I Circuito de Montes Claros em Setembro de 1962; anexo ao lado foto do meu pai com o Mini nº 31 (BA-28-26).


A primeira prova dele, de que tenho noticia, é o Rally de S. Martinho em 1954, com um Morris Minor 1000. Tinha 28 anos. Seguem-se uns anos correndo com Fiat 1100, e em 1959 adquire um Alfa Romeo Giulietta 1300, aumentando a participação em provas, 10 durante esse ano. Em 1961 foi campeão nacional de turismo e, em 1962 campeão nacional absoluto (com 36 anos de idade, note-se) sempre em Alfa Romeo. É neste ano, já campeão em título e ainda correndo com um Alfa, que aparecem as primeiras participações com um Mini (BA-28-26).
Em 1963, defendendo o título, conseguiu a sua última vitória absoluta, no I Circuito de Cascais (Alfa Romeo), um final empolgante com a estrela ascendente, Manuel Lopes Gião, já num pequeno Cooper S (a que, míudo, assisti); mas mais tarde foi desclassificado, creio que por utilização de combustível ilegal (a vitória acabaria atribuída ao Gião). Esta desclassificação, e talvez uma outra na Volta a Portugal, por motivos diversos, julgo que causaram uma quebra na carreira, até aí ascendente. Por outro lado abandonou os Alfas já ultrapassados, e seguindo a moda, converteu-se às novas pequenas bombas, os Mini. Corre com um Cooper 1000 (HD-33-93) e mais tarde adquire em Inglaterra um competitivo Cooper S 1300 (GE-34-13). Com este, alinha em Vila do Conde, em Agosto de 1964. Partiu da primeira linha e pela descrição que li, estava a fazer uma boa corrida, na 3ª posição, quando se despistou na curva da Seca dando uma série de cambalhotas, e destruindo o carro completamente (imagem que anexo, onde se vê o meu pai ao fundo, com a camisa rasgada).


Este carro, novo e preparado, não deve ter sido barato e ficou em puro prejuízo. A família, em particular o meu avô, pressionava-o para parar de gastar dinheiro a arriscar o cabedal. A partir daí reduziu o número de participação em provas, continuando com o antigo Cooper 1000 (HD-33-93). Com esse carro acaba por ter outro acidente, que podia ter sido grave, na Volta a Portugal de 1965, despistando-se e caindo num barranco.
Em 1966, com a separação do Nacional de Condutores em dois campeonatos autónomos, velocidade e rallies – e, julgo que, com o bichinho dos automóveis novamente a roer – adquiriu nas oficinas Palma & Morgado um fórmula V – novidade que a Volkswagen então instituiu em Portugal – e vai buscar a Inglaterra um Hillman IMP GT com o que se propôs fazer velocidade e rallies. Mas penso que já numa perspectiva, algo económica, de correr mais por prazer do que com a ambição de vencer. Creio que é nesta altura que se torna "garagista", investindo na Auto Galáxia em sociedade com um hábil torneiro de peças mecânicas (o famoso Matos) e aí começa também a colaborar regularmente no jornal Motor, dirigido por Filipe Nogueira.
De facto, o meu pai nunca conseguiu, nos anos em que correu com Minis, entre 1964/65, resultados equivalentes aos do tempo dos Alfas. Mas para além da idade e dos acidentes, a verdade é que só em Vila do Conde esteve com um carro verdadeiramente competitivo, o qual se esfumou nesse mesmo dia.
Depois, a passagem ao Hillman IMP, terá sido numa perspectiva de redução da actividade ao puro prazer, aliada ao interesse pela mecânica. Ter-se-á apercebido (assinava revistas inglesas e visitava Brands Hatch) da rivalidade entre os Minis e os IMP (a resposta da Rootes à BMC) nas "saloon car races"; interessado no IMP como alternativa original aos Minis, relacionava-se com o preparador inglês Roger Nathan, e era evidente o gosto que tinha por aquele pequeno motor 1000 cc, avançado para a época (bloco de alumínio, árvore de cames à cabeça e quase 100 cv/litro) derivado da fórmula um. O azar foi a falta de homologação não permitir, em Portugal, correr em Turismo ou Turismo especial, onde corriam os Mini Cooper. Assim, o pequeno IMP passou a maior parte da vida a competir em corridas de Grande Turismo, Desporto e Protótipos, na companhia de Ferraris, Lotus e Porsches!O IMP correu até 1970, ano em que o Zé Batista, como era conhecido entre os amigos, terminou de vez a carreira, com mais um tremendo prejuízo e uma longa estadia no hospital. Foi no verão desse ano, no IX circuito de Montes Claros com um Lola da nova formula Ford, que quase morreu enfeixado numa árvore (ainda lá vou às vezes) na mesma curva onde o grande Froilan Gonzalez se espetara duas décadas antes. No meu registo era a sua 103ª prova automobilística e completava 44 anos.
No palmarés desportivo do meu pai, fornecido há muitos anos pelo estimado Dr. Augusto Martins, aparecem as seguintes provas em três Minis:

BA-28-26 – Morris Mini Cooper 850?
HD-33-93 – Morris Mini Cooper 1000
GE-34-93 – Morris Mini Cooper 1300

26/12/1962 – II Rally às Serras do Norte (BA-28-26) –
29/12/1962 – I Circuito de Montes Claros (BA-28-26) – 6º
01/06/1963 – II Circuito de Montes Claros (BA-28-26) – 6º
10/06/1963 – XIV Rally S. Pedro de Moel (BA-28-26) – 1º da classe (geral?)
16/02/1964 – Quilómetro de arranque (Alverca) (HD-33-93) – 5º
14/03/1964 – Rally do Académico (HD-33-93) – 2º da classe (class. geral?)
18/04/1964 – Rally Abril em Portugal (SLB) (HD-33-93) –
02/05/1964 – IX Volta ao Minho (HD-33-93) – 2º da classe (class. geral?)
16/05/1964 – XV Rally S. Pedro de Moel (HD-33-93) –
31/05/1964 – V Rampa de Stª Cristina do Couto (HD-33-93) – 4º
25/07/1964 – II Circuito de Cascais (HD-33-93) – 4º
29/08/1964 – IX Circuito de Vila do Conde (GE-34-13) – acidente
28/11/1964 – XV Volta a Portugal (HD-33-93) – desclassificado
28/02/1965 – Rally das Camélias (HD-33-93) –
07/03/1965 – II Rampa de Montejunto (HD-33-93) – 5º
25/07/1965 – III Circuito de Cascais (HD-33-93) – 4º
29/08/1965 – X Circuito de Vila do Conde (HD-33-93) – 8º
28/11/1965 – XVI Volta a Portugal (HD-33-93) – acidente

Quanto ao "feitio um pouco ditatorial", confirmo inteiramente. De facto, ele não dava sossego a ninguém, tinha um carácter irascível, agressivo, e às contrariedades reagia mal. Fui dos que experimentaram em primeira linha esse mau feitio. Mas quanto à afirmação de que "não era muito amado pelos adversários" posso atestar que sabia ser afectuoso e amigo quando simpatizava com alguém, e se alguns houve que se distanciaram, outros tiveram boas e perenes relações. Pude testemunhar, por exemplo, as amizades com Filipe Nogueira, Manuel Gião, Jorge Passanha e César Torres (outro senhor irascível, por sinal); no entanto, terá sido com Rui Martins Silva e Manuel Fernandes, adversários do tempo dos Alfas, que se manteve sempre mais próximo. O único com quem testemunhei uma ruptura de relações foi António Peixinho creio que por causa da reclamação deste, que levaria à desclassificação em Cascais 1963; curiosamente, tendo-o encontrado numa tertúlia de clássicos , ainda este ano, referiu-se ao meu pai de uma forma gentil.
"Programava as corridas muito a sério", parece-me só uma verdade inicial, que se foi atenuando com o tempo. À medida que os anos passaram e a sua actividade profissional se complicou (era construtor civil, além gerir a oficina e escrever para o jornal, com viagens constantes ao estrangeiro) foi-se dispersando e perdendo dedicação às corridas. O último acidente em Montes Claros 1970, sempre me pareceu resultante de uma falha de concentração; aos 44 anos de idade estava cansado, com a vida dispersa por outras preocupações, que já não se compadeciam com o correr por "hobby", em carros tão exigentes como os formula Ford.


Parece-me evidente que o meu pai não consegue integrar o lote de topo da sua época, porque aí, surgem nomes tremendos, como Filipe Nogueira, Nicha Cabral, António Peixinho, Manuel Gião, Carlos Santos, José Lampreia, Ernesto Neves… e não falo só em palmarés, porque vi-os correr, eu vi as diferenças. Como piloto, considero-o, isso sim, um volante acima da média, com um período inicial fulgurante entre 1960/63 – já na casa dos trinta e tal anos – que depois se foi esbatendo e dispersando, ultrapassado por gente mais nova, mais competitiva. Enquanto para ele, os automóveis se transformaram num mero "hobby" que, só a experiência aliada à paixão pelo pormenor técnico, o manteve em pista… embora cada vez com mais acidentes. Mas, somando tudo o que fez pelo automobilismo desportivo, mais do que um corredor de automóveis, ainda é para muitos da década de sessenta, uma referência do jornalismo desportivo - que nos automóveis quase se reduzia ao semanário Motor.
Este escrito expressa, no entanto, apenas e só, a opinião de um filho saudoso... ainda hoje, vou descobrindo muita coisa sobre o meu pai, de cariz reservado, que só uma parte compartilhava comigo.
Carlos Augusto Baptista dos Santos (dedicado a José Mota Freitas)

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Comments:
Então é daí que nasce o "bichinho" dos automóveis...
Um belo texto.
 
Pois é Pedro, a minha mãe diz que, grávida de mim, passava noites com o meu pai a acelerar pela rampa da Pena acima :)

Nasci e vivi até aos vinte anos, no meio de carros de corrida, sinto o cheiro do óleo de rícino entranhado nas narinas... e tou a ficar velho lamechas, lol
 
Muito bonito happy, grande vovo ze'!!! :)

Estou na internet da faculdade sozinhita esperando pela aula de biologia... Beijinhos para voces todos (inclusive as bixinhas!)
 
Este comentário foi removido por um gestor do blogue.
 
Mikinhas, nesta familia não se procuram as faciolidades, força aí :)*
 
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