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La force des choses
2.1.08
 
Filminhos de cinéfilo básico
Foi a minha amiga IO que primeiro me chamou a esta correnteza. Escusei-me com uma espécie de ausência virtual.
Agora veio o Luís, e pronto. Não arranjo mais desculpas.
Revi a minha história cinéfila – que é a de um portuga básico que às vezes vai ao cinema – e descobri que afinal mais do que pensava. A idade avançada tem disto… chegar a montes de filminhos que me marcaram em cine-teatros.
Mas os apanhados da net têm o defeito de só lembrar grandes filmes, deixando para trás outros, não fixados pelas audiências, que podem ter sido mais importantes no contexto pessoal. Mal ou bem, o exercício teve apesar de tudo o efeito de lembrar.
Com muita vontade de escolher um deles, lembrei-me dos antigos desde Metropolis de 1927 até Gone with the wind com Clark Gable, The great dictator (visto pelo próprio Hitler) de Chaplin, Citizen Kane de Orson Welles ou o romance de Casablanca; ou ainda da estética visual do Ivan de Eisenstein (proibido no salazarismo) e da estética existencial do Sétimo selo de Bergman.
Com vontade, recordei também os filmes pontuados pelas mulheres mais boazinhas que Deus nos deu, como a Bardot de Et Dieu… créa la femme (não é assim Miguel?), da Loren de La Ciociara, da Bisset de La nuit americaine e Under the Volcano, até à Jessica Lange em O carteiro toca sempre duas vezes; ou outros, pontuados pelas iniciações sexuais adolescentes (para mim tocantes) de Summer of '42 ou de The graduate que me revelou um jovem chamado Dustin Hofman guiado pelas mãos de uma tal Mrs Robinson ao som Simon&Garfunkel;
Vieram-me nomes como Peter Sellers, onde escolhia Doctor Srangelove ou, noutro registro, Peter O’Toole em que prefiro Lord Jim (o Heart of Darkness de Conrad), ou noutro ainda, a Deneuve de luxo em Indochina; vieram-me títulos soltos como o Soldier Blue (Sand Creek) do par Peter Strauss/Candice Bergen, como o grande fresco da modernidade italiana de Bertolluci, Novecento, ou do Japão medieval no Ran de Kurosawa, tão diferentes como impressionantes;
Apareceram-me também as grandes séries como James Bond, Star wars de Lucas, ou a saga de Tolkien, Lord of the rings, que não considero coisas menores, mas grandes objectos de prazer, um prazer igual àquele com que lia antigamente séries aos quadradinhos;
Podia igualmente escolher os meus filmes de guerra: Apocalipse now de Coppola, Saving private Ryan de Spielberg, Cross of Iron de Peckimpah ou o recente Letters from Ivo Jima de Eastwood; ou então os meus preferidos de ficção como 2001 de Kubrik, Highlander (só o primeiro) com o grande Connery e um Christopher Lambert como nunca mais vi, no meio da música dos Queen, o Alien ou o Blade runner de Ridley Scott;
Poderia recorrer às intelectualidades cinéfilas como o Godard de À bout de souffle, o Fellini de Dolce vita - com Amarcord um dos meus preferidos - ou mesmo do Pop dos sixties em Blow up;
Mas por fim, depois da dificuldade da depuração (sem contar os esquecidos) o meu gosto pequeno burguês, verdadeiramente meu, nomeou estes cinco (mais um):


1. Les vacances de monsieur Hulot (1953) de Jacques Tati, com algo de Chaplin, era o gag paciente e mudo, critico da civilização tecnológica numa França destruída e abalada pelo pós-guerra



2. Grand Prix (1966) de John Frankenheimer - Simplesmente o melhor filme de culto das corridas de automóveis (aparecido quando não havia nada). Gravei para sempre aquelas voltas emocionantes, de Monte Carlo a Monza. Acresce um Yves Montand (meu actor essencial) campeão do mundo.



3. Un homme et une femme (1966) de Claude Lelouch - O romance e a música, tava lá tudo, desde a França dos sessenta, ao sobrinho de Trintignant (o piloto de Grand Prix) a treinar num Ford GT40, passando pela bleza da Anouk Aimée.


4. One flew over the cuckoo's nest (1975) de Milos Forman - Talvez o meu preferido entre todos. A contra cultura no que foi designado por Anti-psiquiatria. E uma interpretação inesquecível de Jack Nicholson mais o chief Bromden. Cinco Óscares de uma vez.


5. Million dollar baby (2004) de Clint Eastwood - Lindo e brilhante, mas hesitei entre com a soberba despedida do mestre Ingmar com Saraband. Mesmo assim, opto pela revelação (para mim) de Clint Eastwood como realizador… melhor que o actor...


6. Nuit et bruillard (1955) de Alain Resnais - Um grande documentário e um grande filme de Resnais sobre o fundo do Holocausto, dez anos depois, com imagens de arquivo. Acusado claro, de propaganda…mas não pude deixar de lado, o que há muito tempo me acordou, para a barbárie “civilizada”, vergonha para sempre da nossa espécie.

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Comments:
o "Easy Rider" também é muito bom...

Um abraço de bom ano!
[]
 
ah, e permite-me um aditamento: eu partilho do entusiasmo pelo "Highlander" e pela banda sonora dos Queen, aliás fantástica (souberam aprender com os 'erros' do flash gordon)
 
Bom ano para ti também cbs :)
 
tentei apanhar todos, mas vou-me sempre lembrando de mais. Fundamentais na minha colecção, ficaram ainda por referir:
Le Genou de Claire de Eric Rohmer 1970 (vi-o no Estudio do antigo Monumental)
Os Feios, porcos e maus do Ettore Scola 1976, um portento!
A trilogia The matrix dos Wachowski 1999
pelo menos estes.

Mas Nuno, apesar de ter tido muito sucesso na época entre as gentes das motos, de ter o Peter Fonda e Jack Nicholson (da minha predilecção) e de Dennis Hopper ter ganho qualquer coisa em Cannes, eu, moi meme, nunca gramei aquilo nem o escolheria. Nem a música, cheirava-me já na altura a uma ganda foleirice.
Mas enfim, isto digo eu,e gostos não se discutem...muito :)
abraço
 
refiro-me ao easy rider... óbviamente ;)
 
Para mim o imortal Kubrick "2001, Odissea do Espaço" é um dos meus preferidos de sempre. Há muitos outros e clássicos, como o épico e memoravel "Citizen Kane" ou "Tudo o vento levou". Em comedia comparto o gosto com Jaques Tati mas há outros mais velhinhos, Harold Loyd e Chaplin, por exemplo. Atuais e estrangeiros, imensos: "O cheiro da papaia verde" (Vietnamita); "Festa de Babette"(Noruega) e outros mais por aí, muitos por sinal. Abraço CBS
 
Pois Luis Enrique
e falta-me ali também o Bunuel do Charme discreto da burguesia...
e todos os Almodovar, todos mesmo.
bah!
esses filmes que me falas vietnamita e norueguês, é que não conheço, mas também não sei se me apetece, lol

abraço
 
São ótimos CBS, mas também alí faltam os films de Win Wenders (Paris, Texas) e claro, os de o controversial Fassbinder. Mas atualemente na Alemanha há excelentes directores. Como os há em outros paises, inclusive já na América do Sul (Brasil). Abraço
 
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