28.12.07
As Benevolentes ou a recusa da má consciência
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Les Bienveillantes de Jonathan Littell (pág. 26)
A cultura não nos protege de coisa nenhuma. Os nazis são a prova disso. Pode sentir-se profunda admiração por Beethoven ou Mozar e ler o "Fausto" de Goethe, e ser-se uma porcaria de ser humano.
(...) O que pretendo demostrar de todas as formas, com uma personagem como Max, é que também num período da História, aliar-se aos nazis, foi para muita gente uma opção ética. Não se trata de ter escolhido ficar do lado dos maus. (...) Os que escolheram os nazis fizeram-no conscientes de que tomavam um caminho para eles ético, cujos erros ou imperfeições deviam ser melhorados.(...) Continua a ser para mim um mistério.
O facto de se organizarem assassinatos maciços, o facto de que uma pessoa possa matar outra, é que acho estranho, raro, que enquanto aqui estamos alguém possa estar a torturar, num qualquer sotão, um ser humano.
(...) parece-me estranho que na cabeça dessa gente possa caber a possibilidade de amar os filhos, a familia e ao mesmo tempo torturar os seus semelhantes ou filhos de outros. Tentei analisar e ver através dos olhos de Max (...)
Jonathan Littel (Prémio Goncourt 2006) em entrevista no ípsilão do Público de 28 Dezembro 2007
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