Once upon a time in the West
O caríssimo historiador Rui Tavares, continuou no Público de sábado passado, a sua "cruzada" protectora da modernidade, em relação à terrivel "verdade velha" protagonizada pelo malvado Bento XVI; assim escreveu em tom de western:
"Não se deve discordar de Ratzinger, dizem, porque devemos estar todos unidos escrevendo panfletos contra os malvados religiosos... muçulmanos.(...)
um texto não passa a ser consensual, nem muito menos uma brilhante defesa da liberdade, pelo simples facto de ser atacado "pelo outro lado".
Isto faz lembrar aquele momento dos filmes em que o herói luta contra os mauzões que estão na sua frente, sem reparar que nas suas costas surge um tipo empunhando uma garrafa de whisky já destinada a escaqueirar-se-lhe na moleira.
É aí que a mocinha que estava desmaiada cinco minutos antes, grita: cuidado aí atrás!"
Suponho que aqui, o Bento será o tipo da garrafa e o historiador faz o papel da mocinha salvadora.
Quem sou eu, mísero estudante para ensinar o padre-nosso ao vigário, mas a minha fraqueza obriga-me a lembrar isto:
Saberá o historiador que a “verdade velha” da ICAR, é herdeira do antigo império romano, cujo espírito pouco democrático, era ainda assim racional.
Saberá também que num esforço que ficou para a História como “Concílio Vaticano II”, onde Ratzinger foi protagonista destacado, a ICAR se conciliou com a Modernidade, abandonou dogmas da “verdade velha”, e abriu-se ao Mundo aprofundando a sua essência na raiz original, o Amor de Cristo.
Suponho que o historiador reconhecerá que um padre, para "fazer bem o seu trabalho" como diz, tem sempre de acentuar a Fé da religião professa.
E reconhecerá ainda (tenho esperança) que a diferença entre um sacerdote numa religião aberta à Humanidade (cristão e muçulmano) e um sacerdote de uma religião fechada e eivada de tabus, (cristão ou muçulmano) reside na aceitação, ou não, da racionalidade (científica ou filosófica) como método de pensar e julgar.
Ao ponto dos primeiros entenderem como blasfémia a contradição com a razão, porque está na natureza de Deus (é aliás para mim um indício da Sua Existencia); e de os segundos entenderem como blasfémia, precisamente a própria razão se ela contestar a divindade, porque um Deus omnipotente, pode contradizer-se à vontade sem prestar contas a ninguém.
Assim, o historiador Rui Tavares, talvez não goste de ir á bola com o Bento, ou qualquer outro ser religioso como eu, admito, mas fica-me a questão: estaria à espera que o Papa se esquecesse trazer a Fé à Razão?
E se não estava, então… onde vê a garrafa?
Mas olhe, vire-se para a frente que os “outros” (os da religião fechada) nem é com garrafas que lhe dão.
A defesa do apaziguamento com os monstros, lembra constantemente Chamberlain e Munique.
Não creio no entanto que se possa evitar o caminho do sofrimento, reagindo mais cedo ou mais tarde, com maior ou menor força, o caminho será sempre aquela frase de Churchill: sangue, suor e lágrimas.
Lamento mas sei pouco, por isso tou com problemas;
O Comunitarismo considera o indivíduo integrado numa comunidade de iguais e obrigado éticamente a trabalhar pelo Bem Comum (filosofia de raíz hegeliana mas comum aos socialismos e à doutrina social do catolicismo)
O Multiculturalismo significa a existencia de várias culturas num mesmo espaço, separadas mas iguais em direitos (situação geral dos países de cultura inglesa)
O Cosmopolitismo descreve uma sociedade composta de autonomias individuais funcionando num ordenamento voluntário, mas igualitário, determinado pelo "imperativo categórico" (concepção próxima dos estados da União Europeia, ou noutro nível pelas opiniões públicas das democracias parlamentares)
As descrições são sumárias (porventura com erros) mas descrevem conceitos não de todo incompatíveis.
Eu do Comunitarismo recolho a noção de igualdade perante a lei e o conceito do Bem Comum.
Do Cosmopolitismo partilho a ideia de liberdade individual associada ao imperativo ético da universalidade: o indivíduo autónomo age de modo que sua acção “possa elevar-se a uma lei de observância universal”, o imperativo categórico Kantiano.
Condeno o Multiculturalismo, mas não me parece uma ideia exclusiva da esquerda, pois é também a base do "apartheid".
Sou adepto do Estado Laico e considero essencial politicamente a separação entre o poder temporal e o poder espiritual.
Não aceito o ateísmo (é arrogancia) mas aceito o agnosticismo (cristão, tantas vezes eu duvido também), mas perante o Estado Laico considero iguais todas as posições religiosas se pacíficas.
Sendossim não compreendo a frase "ateísmo que se esconde (?) na falsa (?) ideia de Estado Laico"
Aquilária, peço-te a paciencia de me iluminar, se não der muito trabalho...
Um abraço electrónico (sem choques :)
O Multiculturalismo é também designado por "Mosaico cultural" ou "Pluralismo Cultural" implicando que nenhuma cultura predomine sobre as outras, o que equivale a dizer que a minoria não se submete à maioria, nem vice versa.
Foi isto que eu disse; parece-me que, neste ponto, dissemos o mesmo.
Ao Multiculturalismo, podemos contrapor o Monoculturalismo (ligado aos Nacionalismos) que pretende a assimilação dos imigrantes e da sua cultura nos países de acolhimento.
(é mera informação da Wikipedia :)
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