19.4.06
A Europa terá existido?
Nos textos gregos antigos, Europa aparece não apenas como um nome de um dos três continentes conhecidos mas, também esporadicamente, como Hellas, utilizado na distinção entre nós e eles, sendo eles os asiáticos, os bárbaros ou os persas.
Na peça “Os Persas”, Esquilo apresentou a guerra entre a Grécia e a Pérsia como um conflito entre a Europa e a Ásia.
Em Esquilo e Heródoto também a expressão de um contraste que viria a fazer uma longa carreira, o contraste entre o Oriente despótico e o Ocidente amante da liberdade; a noção ocidental do despotismo oriental.
Peter Burke, O Mundo como Teatro, 1992
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Isto conduziu a uma visão particular, uma perspectiva "europeia" do mundo;
que primeiro se achou culta e superior, e depois compreendeu que há muitas culturas e que a noção de superior ou inferior é muito relativa (pelo menos a cada domínio) e desinteressante.
Mas o "nós" e "eles" é uma questão antropológica permanente, raíz, por exemplo, dos nacionalismos nascentes no seculo XIX.
que primeiro se achou culta e superior, e depois compreendeu que há muitas culturas e que a noção de superior ou inferior é muito relativa (pelo menos a cada domínio) e desinteressante.
Mas o "nós" e "eles" é uma questão antropológica permanente, raíz, por exemplo, dos nacionalismos nascentes no seculo XIX.
“Se esta civilização europeia, do tal tipo de prever para poder, de pontualidade, de disciplina e de sacrifício, consentido ou não, de militar eficiência, sem a qual, como convém acentuar, teria sido impossível para a Humanidade qualquer progresso e qualquer esperança realizável de paraíso futuro, foi imposta a Portugal, como a outros países do Sul da Europa, e, por seu intermédio, imposta ao Brasil, não é de estranhar que, dados os antagonismos essenciais, ela funcione de modo pouco perfeito, principalmente pelo que respeita ao Brasil; a nossa imitação do europeu será sempre pobre em relação ao original: mas essa pobreza não é intrínseca; pelo contrário: o que é intrínseco é a riqueza de possibilidades na invenção do futuro. No fundo, funcionarmos mal, sob este critério europeu, é um atestado de vitalidade e a segurança de que o naufrágio da civilização europeia não nos arrastará consigo para os fundos oceânicos do esquecimento histórico”
Agostinho da Silva – Ensaio para uma Teoria do Brasil [1966].
http://www.agostinhodasilva.pt/Agostinho%20da%20Silva_antologia.pdf
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Agostinho da Silva – Ensaio para uma Teoria do Brasil [1966].
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