6.6.05
Porque sou Cristão
Fonte “the passion of the Christ”
Therefore I take it that when I tell you why I am not a Christian I have to tell you two different things:
First, why I do not believe in God and in immortality;
And, secondly, why I do not think that Christ was the best and wisest of men, although I grant him a very high degree of moral goodness.
Bertrand Russell, “Why I am Not a Christian” Battersea Town Hall, March 6, 1927
O Transcendental
Na minha carne sinto a presença, fugidia mas plena, de um “nada” que absurdamente existe.
Quando quero dizê-lo, prende-se na garganta, quando tento focá-lo, esbate-se;
Mas se me abstenho, se abro a alma, esse “absurdo” transcendente invade como um dado imediato da consciência.
É preciso nada querer para poder “crer”.
Posso enganar-me, claro que posso…
E como sustentar a negação da transcendência?
Como Russell, racionalizando aquilo que é irracional?
Ele próprio diz que a ideia de existir um princípio do tempo é irracional.
“There is no reason to suppose that the world had a beginning at all” afirmou Russell naquele dia de Março.
Em 1927 a ideia de um começo era irracional, mas em 2005 já poucos duvidam do “início do Tempo” (de “um” tempo, pelo menos).
Só uma posição agnóstica (não negacionista), parece racionalmente sustentável.
Afirmar-se-á “ateu” quem se obrigou a uma reflexão profunda sobre Deus – que é prenhe de religiosidade – e escolheu afastar-se. Senão é-se tão ingénuo quanto um fanatismo “beato”.
Não quero convencer nem enganar ninguém, muito menos a mim mesmo, mas se algo me entra pelos olhos da alma dentro, porquê negá-lo?
Os Profetas
Quando o Saber se tornou Física (Descartes, 1637), mecanicista, aqueles que afastam a evidencia Transcendental, pensaram no homem como máquina.
Quando, em seguida, o Saber se tornou Bios (Claude Bernard, 1870), orgânico, adquirindo células, bactérias, aqueles que afastam a evidencia, tornaram o homem num monte de tecido animado;
Agora, na era da Informação, o humano passou a “software”, um mero código genético.
O Saber vai mudando de opinião, mas os sábios da Razão (os cientistas) continuam sempre a ter credibilidade.
Credibilidade que não é dada aos sábios da Intuição (os profetas). Porquê?
Henri Bergson dizia: “Se alguns homens acreditarem tê-lo descoberto, dilo-ão aos outros homens; e estes irão escutá-los, como escutaram Stanley, ou Livingstone, descreverem as longínquas nascentes de um rio (o Nilo) no lado de lá do equador.”
Deus, se existe, não tem que ser provado, tem que ser descoberto.
O Cristo
E entre todos os profetas ressalta Jesus.
Melhor ressaltam as palavras, porque Ele poderia até nem ter existido (e duvidou-se tanto tempo, lembram-se?) mas o facto de um humano, algures no Tempo, ter revelado as mágicas palavras que ainda hoje ecoam entre nós, isso faz toda a diferença.
Quanto mais anónimo nos aparecer Jesus, mais essa aparência será a de um homem sem distinção social, estranha a qualquer “glória humana”;
Quanto mais humilde nos aparecer Jesus, tanto mais as suas palavras, que humano algum jamais pronunciou, tanto mais os seus actos, que humano algum jamais cumpriu, nos mostrarão que Ele não era um homem como os outros.
E porque disse: “O Pai existe e ama-vos”, Deus deixou de ser uma ideia abstracta, um ser omnipotente e omnipresente; Deus transformou-se numa pessoa.
Dúvidas temos todos, a diferença está em que eu acredito nas palavras, acredito Nele.
Para mim, isso chega.
(publicado em 16/05/o5 na Terra da Alegria)
Etiquetas: cristãos, religião, terra da alegria
Comments:
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Não tinha lido ainda, obrigada por o trazeres para aqui: gostei muito de o 'Transcendental'!, os outros achei menos interessantes - abraço, IO.
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