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La force des choses
6.10.10
 
Expresso no Expresso 4
À sombra de uma constituição que é uma espécie de lista para o Pai Natal, educámo-nos uns aos outros para um mundo em que só haveria direitos, em que tudo nos chegaria de graça e com pouco trabalho. (…)
São assim os políticos, dirão alguns. E nós, como somos? Alguma vez quisemos ouvir o contrário do que nos diziam? Quem quis perante uma Europa que cortava salários e aumentava impostos, ouvir que não podíamos ser uma ilha, sobretudo quando precisamos de ir ao mercado saciar o vício do endividamento? (…)
Temos um teste agora. Vamos reconhecer que estes “cortes” são apenas um sinal, uma tentativa patética de gerir as expectativas dos credores que, com os seus empréstimos, prolongam a nossa ilusão? Que sem outras mudanças, tudo isto significará apenas um patamar na descida do nosso empobrecimento?
O maior corte que Portugal tem que fazer é o corte com as ilusões do passado. Tudo o mais, mesmo quando dói, é ainda ilusão. (Rui Ramos)

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