Pedreiros
A Maçonaria sofreu uma reviravolta na sua História que a mudou profundamente. Esse fora o momento em que uma corporação que se haveria de desvincular do trabalho efectivo, operativo, da profissão propriamente dita, para passar a ser meramente especulativa, uma sombra de si mesma. Deixou de fazer o trabalho para o qual havia sido criada para passar o tempo a falar sobre o trabalho que deveriam estar a fazer. Isto aconteceu porque, a determinada altura, a Maçonaria (não a que se conhece hoje, feita de políticos e empresários de avental, mas a operativa) se tornou uma escola de Filosofia que encerrava segredos cobiçados. A fama dos mestres pedreiros, dos arquitectos, fez com que certos aristocratas (sem a categoria de um servente) desejassem ser iniciados nos mistérios da construção. Mas nunca quiseram estragar as unhas, e a Maçonaria foi-se tornando cada vez mais simbólica, cada vez mais cerimoniosa. Foram-lhe ajuntados graus (inicialmente existiam apenas três, mas hoje existem ritos com mais de cem). Os mesmos aristocratas que não gostavam de trabalhar a pedra dura gostavam de títulos. Foram criados nomes pomposos como Grande Eleito Cavaleiro Kadosch, e outros que tais. E em atenção a esses senhores fizeram-se umas trolhas (mais pequenas, mais leves) e outro material de pedreiro para serem usados no ritual, mas apenas simbolicamente. Hoje, um neófito quando é iniciado pega num malho e bate uma vez numa pedra que enfeita a entrada do Templo. Isso simboliza o trabalho na pedra bruta. Obviamente que, de trabalho, há muito pouco envolvido. Logo a seguir à fadigosa pancada de malho, o ritual afirma que o neófito já trabalhou a pedra bruta. Enfim, tem ali material para especulação, mas sem a experiência real de onde toda a especulação nasce e de onde vem toda a simbologia.
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