24.6.07
A natureza bestial do anjo
A natureza bestial da mulher está cuidadosamente disfarçada: os lábios, o rabo, as pernas servem outros fins; servem, como certa plumagem colorida, para desviarem o desejo do homem, mais do que para o aumentarem.
As mulheres desavergonhadamente sexuais, as que têm o sexo estampado na cara, as que despertam logo no homem o desejo de lhes enfiar o pénis por ali adentro; as mulheres para quem a roupa é só um meio de tornar mais proeminentes certas partes do corpo, como as mulheres que usam enchumaços para tornarem os rabos maiores e as que usam corpetes para os seios sobressaírem mais nos decotes; as mulheres que nos atiram o sexo à cara, desde os cabelos aos olhos, ao nariz, à boca, a todo o corpo – são dessas mulheres que eu gosto.
As outras… leva tempo a descobrir nelas o lado animal.
Diluíram-no, mascararam-no, perfumaram-no tanto, que cheira a outra coisa – a quê?
A anjo.
(Anais Nin, Little birds 1979)