3.5.07
O Círculo Oglala: fusão do existencial com o normativo
Os Sioux Oglala (índios norte americanos) acreditavam que o Círculo é sagrado porque o Grande Espírito fez com que tudo na Natureza fosse redondo, excepto as pedras.
A pedra é a ferramenta da destruição.
O Sol e o Céu, a Terra e a Lua são redondos como um escudo, embora o Céu seja fundo como uma tigela.
Tudo o que respira é redondo, como o caule de uma planta.
Uma vez que o Grande Espírito fez tudo redondo, a Humanidade devia olhar o Círculo como sagrado, pois ele é o símbolo de todas as coisas da Natureza, excepto a pedra.
É também o Círculo que forma o limite do Mundo e, portanto, dos quatro ventos que viajam por lá. Consequentemente, ele é também o símbolo do ano.
O Dia, a Noite e a Lua percorrem o Céu num círculo, portanto o Círculo é o símbolo de todo o Tempo.
É por essas razões que os Oglala faziam os seus tipis (abrigos) circulares, faziam os seus acampamentos em círculo, e se sentavam em círculo em todas as cerimónias.
Se alguém fazia um círculo como ornamento e não o dividia de nenhuma forma, devemos compreendê-lo como o símbolo do Mundo e do Tempo.
Eis aqui uma subtil formulação da relação entre o Bem e o Mal e da sua fundamentação na própria natureza da Realidade.
O Círculo e a forma excêntrica, o Sol e a pedra, o Abrigo e a guerra, são segregados aos pares, em disjunções, cujo significado é estético, moral (normativo) e ontológico (existencial).
P. Radin, Primitive Man as a Philosopher – New York 1957