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La force des choses
9.4.07
 
Ciência e Fé

Esta imagem que encontrei no Ciência ao Natural, do caro paleontólogo Luís Azevedo Rodrigues, a propósito do Criacionismo, traduz bem a questão.
Não exactamente, quanto a mim, no sentido em que foi gerada - o de pôr em causa a Fé religiosa - mas está lá tudo.
Saber da Ciência: ter uma ideia; fazer a experiência; os factos confirmam a hipótese colocada?
Se sim temos uma Teoria para melhor compreender o Universo; Se não, volta-se para a partida.
Saber da Fé: ter uma ideia; ignorar a contradição; manter a ideia para sempre.

Portanto, e ignorando a provocação subjacente ao segundo quadro (eu não poria ignorar, mas ter em conta a contradição, aparente segundo a Fé) em síntese temos;
O saber científico apoiado em operações mentais de carácter discursivo, mediato, que consistem em obter – por indução ou por dedução – uma proposição de outra, por intermédio de uma terceira; a implica b; b implica c; logo a implica c; é o silogismo aristotélico clássico, que designamos por racionalidade.
O saber místico baseado numa operação mental de carácter evidente, imediato que consiste em derivar directamente uma proposição de outra, sem intermediário, (a implica b) e chamamos-lhe intuição;

O Homem utiliza as duas faculdades, distintas, mas complementares, para conhecer a realidade. Uma, privilegiada pelas Ciências positivas (a razão), outra privilegiada pela Filosofia, pela Religião e pela Arte (a intuição).
De facto, habitualmente, não utilizamos as duas formas separadas mas em conjunto.
É o que Bergson traduziu magistralmente na fórmula:
"Há coisas que só a inteligência é capaz de procurar, mas que por si própria, nunca encontrará.
Há coisas que só o instinto encontrará, mas que por si mesmo, nunca procurará."


Os cientistas usam a intuição, por vezes de forma brilhante;
Alguém vê um computador a criar a teoria da Relatividade ou dos Quanta?
Alguém põe em causa a evidencia no princípio da identidade – “a” igual a “a” qualquer que seja “a” – que é suporte da racionalidade?
E por outro lado, quando comunicam as suas experiências, também os profetas são obrigados a encadear juízos para transmitir conclusões (muitas vezes usando imagens).
A Fé não é mais do que uma grande intuição (A grande), e nesse sentido é conhecimento, conhecimento directo, tão válido (por vezes tão falível) como os dados imediatos da Ciência.
Acaso a maioria de nós é capaz de demonstrar a teoria da relatividade?
Porque acreditamos então piamente e duvidamos dos profetas?
Henri Bergson dizia: “Se alguns homens acreditarem ter feito uma descoberta, ter tido uma visão, dirão aos outros homens; e estes vão escutá-los, como escutaram Stanley ou Livingstone, descreverem as longínquas nascentes de um rio (o Nilo) para lá do equador.”

Disse uma vez Pierre Teilhard de Chardin “Proponho que a tensão entre a Ciência e a Fé seja resolvida não em termos de eliminação ou dualidade, mas em termos de uma síntese”

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