8.3.07
Os Jogos de Deus: o factor nuclear
A bomba atómica teve cinco importantes consequências políticas:
1. Restaurou o conceito de guerra limitada.
A meio do século XX, os analistas referiam-se-lhe como o “século da guerra total”. Mas na segunda metade do século, as guerras assemelharam-se mais às antigas guerras dos séculos XVIII e XIX.
2. As crises substituíram a guerra total como momento da verdade.
No passado a guerra era o momento em que todas as cartas eram viradas sobre a mesa. Mas na era nuclear, a guerra seria tão devastadora que os momentos de verdade se tornaram raros.
A crise de Berlim e a crise de Cuba foram os dois principais momentos de verdade e desempenharam o equivalente funcional da guerra, dando para estabelecer a correlação de forças.
3. As armas nucleares tornaram a dissuasão (desencorajamento pelo medo) a estratégia central.
4. O desenvolvimento da prudência efectiva pelas duas superpotencias.
Apesar das divergências profundas, desenvolveu-se uma estratégia na base do interesse vital comum: evitar a guerra nuclear.
Após a crise cubana dos mísseis as superpotencias aprenderam finalmente o valor da comunicação (a linha directa) e da confiança (os tratados de controlo de armamento)
5. As armas nucleares transformaram-se num preconceito estratégico, porque a maioria dos militares não considerava realista a sua utilização, não só devido ao potencial de destruição, mas também pelo estigma de imoralidade: estas armas entraram no domínio do inaceitável, do inumano.