9.11.06
Do risco e do erro
Se não houvesse outra razão para acabar com a guerra, a ruína financeira que ela envolve tem de, mais cedo ou mais tarde, chamar à razão as nações civilizadas do mundo.
Como afirmou o presidente David Starr Jordan no Tufts College da Universidade de Leland Stanford "a guerra é no futuro impossivel porque as nações não a podem suportar".
Na Europa diz ele, o endividamento militar é de 26 mil milhões de dólares "tudo devido ao vampiro invisível, o qual as nações nunca irão pagar e o qual impõe 95 milhões de dólares por ano em impostos sobre populações pobres".
Os encargos do militarismo em tempo de paz estão a exaurir a força das nações mais importantes, já sobrecarregadas de dívidas.
(in The New York World, 13 Dec 1910)
Em 1962, o presidente Kennedy insistiu para que cada membro do Conselho Nacional de Segurança lesse o livro de Barbara Tuchman "The guns of August".
O livro conta como as nações da Europa, inadvertidamente , tropeçaram na I guerra mundial.
A autora começa por citar o comentário de Bismarck de que "alguma maldita ridicularia nos Balcãs" iria provocar a próxima guerra.
Relata depois a série de passos - que se seguiriam ao assassinato do herdeiro legítimo da Áustria, o arquiduque Francisco Fernando, a 28 de Junho de 1914 por nacionalistas sérvios - cada um pequeno e insignificante por si próprio, que conduziram ao mais terrivel conflito militar na história do mundo.
Repetidamente, nas vésperas das hostilidades, os chefes de estado tentaram recuar, mas o ímpeto dos acontecimentos empurrou-os para diante.
O presidente Kennedy recordou-nos a conversa de 1914 entre dois chanceleres alemães. Um perguntou "como foi que isto aconteceu?" a que o seu sucessor respondeu "Oh! se ao menos eu o soubesse!".
Era a forma de Kennedy sublinhar o risco constante de erros de cálculo.
(in Robert McNamara, Blundering into disaster: surviving the first century of the nuclear age, 1986)