A condenação do Sionismo
Em Março de 1919 na Conferência de Paz em Paris estala a controvérsia entre franceses e ingleses sobre a partilha da Síria.
O presidente Wilson intervem propondo uma comissão de inquérito no próprio terreno; Franceses e Ingleses preferem entender-se directamente e recusam, mas Wilson determinado envia-a só com os americanos Henry King e Charles Crane.
Entre Junho e Agosto a comissão ouve todas as comunidades da “Síria” geográfica (que engloba a Palestina) e o relatório King-Crane transmite um tremendo argumentário anti-sionista no capítulo relativo à Palestina, apesar dos comissários se terem afirmado à partida simpatizantes da causa.
“Na sua mensagem de 4 de Julho de 1918, o presidente Wilson enunciou os quatro princípios por cujo respeito combateram os aliados.
Um deles é a solução de qualquer questão territorial, de soberania, económica, politica na base da livre vontade do povo directamente envolvido e não por interesses materiais ou privilégios de qualquer outra nação ou povo.
Se esse princípio for aplicado e se por consequência a população palestina chamada a decidir o destino do seu país, então temos o dever de lembrar que a população não judia – cerca de 90% do total – se opõe absolutamente ao programa sionista.
Sujeitar uma população com tal sentimento a uma imigração judia ilimitada e submete-la a pressões financeiras e sociais para a levar a alienar terra, será uma grave violação do princípio acabado de invocar.
Nenhum dos oficiais britânicos entrevistados pela comissão acredita ser possível aplicar o programa sionista sem recorrer á força armada.
O recurso à força é por vezes necessário, mas não deve ser adoptado de forma ligeira em especial por uma causa injusta” *
As conclusões aconselham claramente ao abandono da perspectiva de um estado judaico, á limitação da imigração e inclusão da Palestina numa Grande Síria.
O Wilsonismo virara-se contra o Sionismo, mas o presidente Wilson, ele próprio sionista, vai mandar arquivar pura e simplesmente o relatório.
Mais uma vez a Ética se calou para deixar passar a Política.
Em 24 de Julho de 1922 o Conselho da Sociedade das Nações confirmou os acordos de S. Remo de 1920 (reconheciam a vocação sionista da Palestina) e confiou oficialmente à Inglaterra o mandato sobre a Palestina.
* Retirado de Charles Zorgbibe, Histoire des relations internationales (1918-1945)- Hachette Paris 1994