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La force des choses
25.5.06
 
Eurocomunismo: a ultima face de Lenin

Pravda
Foi só depois do XX Congresso do PCUS (1956) revelar os horrores a que levara Stalin, que as consequências desta viragem do Leninismo foram amadurecendo lentamente no Ocidente.
Houve assim um reconhecimento da Democracia como valor perene e a preocupação de assumir um compromisso durável, senão com o Capitalismo - sempre uma realidade negativa que é preciso “derrubar”, “superar” (Berlinguer) - ao menos com a propriedade privada (não apenas com a pequena) e com o Mercado.

Assim, no Ocidente, o Leninismo, mais do que voltar às posições da Social-Democracia clássica - em relação às quais, ao rejeitar o colectivismo integral, se coloca mais à direita - tende a aproximar-se das esquerdas socialistas democráticas.

Um sinal desta convergência está na comum reivindicação de uma “terceira via”.
Os Euro leninistas buscam essa terceira via entre o Reformismo burguês e o Colectivismo soviético.

O que ainda falta para uma perfeita identidade de pontos de vista entre os Socialistas democráticos de esquerda e os Euro leninistas é o reconhecimento, por parte destes, de que o Centralismo chamado democrático é a negação da democracia de partido, tal como o Socialismo chamado real é a negação do Socialismo.

(adaptado de Domenico Settembrini, in Dizionario di Politica, UTET 1983)

Não foram meras questões ideológicas, abstractas, mas a própria ligação com a antiga URSS que se rompeu, com o Eurocomunismo (como viu Cunhal).
Foi mais profundo, foi o fim da parábola Leninista no Ocidente, premonitória da queda do Muro em Novembro de 1989 e do fim do Comunismo.

Hoje, em Portugal, pouca diferença ideológica faz o PS do PSD (um caso particular misturando centro e direita); são ambos evoluções para o Centro das antigamente chamadas esquerdas socialistas democráticas.

Já o PCP é uma estranha (quiçá renascentista?) sobrevivência do Comunismo estalinista "clássico"; e é na sua competição eleitoral particular com os antigos Trotskistas (Bloco de Esquerda) que encontramos a verdadeira fractura na Esquerda (ou melhor, dos que a si próprios assim se vêem);
Mais centralistas e menos acomodados à Democracia “burguesa” uns;
Mais acomodados e democráticos os outros;
Todos relutantes na aceitação do Mercado, todos concordantes numa maior intervenção do Estado.

Ideológicamente, esta esquerda portuguesa actual lembra-me mais a Social-democracia pura e dura, de Bernstein.


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