31.12.05
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A propósito de melhorias:
Quando ainda era estudante universitária não gastava os mínimos escudos que os meus pais me davam para comprar o jornal, mas sempre gostei de o folhear ainda que acabasse por não ler grande coisa. Era um hábito, que ainda se mantém. Posso não ler um artigo, mas adoro folhear o jornal. Frequentava um café de um francês que ficava perto de casa e que tinha o jornal sempre bem cedo. Acontece que havia um velhote que chegava lá sempre primeiro do que eu. Rapidamente, lhe conheci os hábitos e escolhi um ahora em que eu pudesse lá ir e em que o jornal estivesse desimpedido. Com o tempo, conheci o sr. Tinha na altura 79 anos, era arquitecto e achava que eu tinha ar de espanhola, o que lhe agradava tanto, que insinuava pedir-me em casamento. Aprendi imenso na sua companhia de café, depois da leitura do jornal. Sou por natureza uma insatisfeita, gosto de refilar e adoro amuar. Disparatava tanto com ele que nunca esqueci uma dessas coisas que ele me ensinou a propósito do meu mau feitio: somos nós (e não os outros ou o que os outros fazem), nós é que decidimos ficar contentes, tristes, aborrecidos, amuados, zangados, melhorar ou piorar as situações, os momentos, o que quer que seja, etc, etc. Na altura fiquei incrédula e levei imenos tempo a digerir isto. Matar os meus caprichos desta maneira era indigerível. Era demasiado simples para ser assim. Ainda hoje sou desobediente.
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Quando ainda era estudante universitária não gastava os mínimos escudos que os meus pais me davam para comprar o jornal, mas sempre gostei de o folhear ainda que acabasse por não ler grande coisa. Era um hábito, que ainda se mantém. Posso não ler um artigo, mas adoro folhear o jornal. Frequentava um café de um francês que ficava perto de casa e que tinha o jornal sempre bem cedo. Acontece que havia um velhote que chegava lá sempre primeiro do que eu. Rapidamente, lhe conheci os hábitos e escolhi um ahora em que eu pudesse lá ir e em que o jornal estivesse desimpedido. Com o tempo, conheci o sr. Tinha na altura 79 anos, era arquitecto e achava que eu tinha ar de espanhola, o que lhe agradava tanto, que insinuava pedir-me em casamento. Aprendi imenso na sua companhia de café, depois da leitura do jornal. Sou por natureza uma insatisfeita, gosto de refilar e adoro amuar. Disparatava tanto com ele que nunca esqueci uma dessas coisas que ele me ensinou a propósito do meu mau feitio: somos nós (e não os outros ou o que os outros fazem), nós é que decidimos ficar contentes, tristes, aborrecidos, amuados, zangados, melhorar ou piorar as situações, os momentos, o que quer que seja, etc, etc. Na altura fiquei incrédula e levei imenos tempo a digerir isto. Matar os meus caprichos desta maneira era indigerível. Era demasiado simples para ser assim. Ainda hoje sou desobediente.
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