18.11.05
Da novíssima revolta
BBC
Neste mundo globalizado nada é estanque.
Levantar o discurso “dos valores” como se estes fenómenos fossem externos ao tecido da sociedade contemporânea é pactuar com o arranque já inevitável das rodas dentadas do extremismo: os de dentro, “dos valores”; e os de fora, “eles”, os outros.
(in A barriga de um arquitecto)
São miúdos que têm na maioria 16 a 17 anos.
São miúdos que estão fechados nos bairros problemáticos sem quase nunca saírem de lá.
Individualmente, não existem, ninguém lhes liga.
Mas são “alguém” colectivamente, quando se amotinam.
Nessas ocasiões, fala-se neles, repara-se neles e interessam-se por eles.
Há momentos, numa sociedade, em que as emoções colectivas fazem sentido.
A violência urbana assume um sentido quando cria um colectivo que gera um sentimento de pertença a algo – há “eles” e “nós”, há “cá dentro” e “lá fora”, os que estão “em cima” e os que estão “em baixo”.
Adil Jazouly (sociólogo), Público 12 Novembro 2005
Quando falamos de Nações e de Pátrias, seria útil levar essas ideias a sério, porque elas são agentes poderosos nas sociedades humanas.
Há grupos que excluem e matam, e há grupos que unem e estendem os braços.
Mas há sempre a necessidade de pertencer a algo, de "estar dentro", haverá sempre grupos e haverá sempre medos, porque é essa a nossa natureza.