27.10.05
Em nome da realidade
Faço uma reflexão sobre o que quer dizer responsabilidade e confronto-a com o que normalmente é considerado a sua medida: o dever e a obediencia.
A partir daí, chego a uma definição de loucura que diverge da preconizada pela Psicologia e Psiquiatria oficiais.
A perspectiva destas últimas limita-se a apreciar o comportamento humano apenas com base no respectivo relacionamento com a realidade o que óbviamente, tem a sua razão de ser.
Só que impede, assim, a aproximação a uma patologia menos evidente e mais perigosa, de cujo método próprio a dissimulação faz parte: a loucura que se encobre a si própria e se mascara de saúde mental.
Essa não tem dificuldade em ocultar-se num mundo em que o engano e o ardil* são comportamentos adequados à realidade.
Ao mesmo tempo que os que já não aguentam a perda dos valores humanos no mundo real são considerados "loucos", atesta-se a normalidade àqueles que se separaram das suas raízes humanas.
E é a esses que confiamos o poder, permitindo que decidam sobre as nossas vidas e o nosso futuro.
Pensamos que eles têm a atitude certa perante a realidade e sabem lidar com ela; mas o "relacionamento com a realidade" de uma pessoa não é o único critério para determinar a sua doença ou saúde mental.
(Arno Gruen, "A loucura da normalidade" 1995)
* eu diria a "sedução".
Comments:
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O problema do "relacionamento com a realidade" passa se calhar pela percepção da mesma... às vezes seria bem melhor viver longe dela, ou, melhor ainda, transformá-la no que nos fizer mais felizes!
Afinal quem é melhor? Os loucos, os normais, os reais?.... (enfim, a divagar! ;) )
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Afinal quem é melhor? Os loucos, os normais, os reais?.... (enfim, a divagar! ;) )
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Os loucos e os normais se asemelham tanto que poucos se arriscariam a assinalar diferenças. Simplesmente, os loucos se atrevem a maximizar e os normais, apenas, intentam minimizar sua loucura latente.
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