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La force des choses
13.8.05
 
Para a Paz (Perpétua) 5: Os Lúgubres Créditos

Ivan Berryman Naval Art
A mais formidável arma (sistema) construída pela Humanidade é uma base aérea ambulante com 6.000 homens e 90 aviões de combate.
Para inspirar medo, basta aproximar -se de qualquer país que se atravesse no caminho da América.
O custo, só de fabrico (com força aérea), ronda os 7 mil milhões de dólares (o PIB português em 2004 foi de 167 mil milhões de dólares).
A América possue 14 e a maior Dívida Externa (pública mais a privada) do Mundo, financiada por americanos, europeus, japoneses e chineses.

National Debts Shall Not Be Contracted with a View to the External Friction of States.
This expedient of seeking aid within or without the state is above suspicion when the purpose is domestic economy.
But as an opposing machine in the antagonism of powers, a credit system which grows beyond sight and which is yet a safe debt for the present requirements--because all the creditors do not require payment at one time--constitutes a dangerous money power.
This ingenious invention of a commercial people [England] in this century is dangerous because it is a war treasure which exceeds the treasures of all other states.
(Fourth preliminary article for perpetual peace among states, Emmanuel Kant 1759)

O interesse económico da guerra na óptica do estado aparece no séc. XVIII como Raison d’État.
O Mercantilismo (proteccionismo económico de Colbert) era um sistema egoísta e absurdo cuja ideia base consistia em exportar o máximo e importar o mínimo, tudo produzindo no próprio território (autonomia económica).


Isto é contraditório porque se todos assim fizerem acabam em conflito.
Este sistema apenas servia a França de Luís XIV porque era o estado mais forte (na época 20 milhões de habitantes contra 7 milhões na Inglaterra e 1 milhão em Portugal) fazendo guerras para obrigar os outros a importar;
É o sistema dos poderosos que precisam sempre de mais vassalos, mais territórios, mais agricultura e mais energia, para alimentar os impérios.

Ora, a guerra realmente potencia o desenvolvimento económico, mas endividando o Estado, e retirando jovens à economia de paz.
O efeito das dívidas contraídas para a guerra é a depredação dos recursos;
Investe-se na guerra e depois reverte-se o ónus para o povo através de impostos.
Os recursos (sempre escassos) alimentam a guerra, sobrando cada vez menos para a população se alimentar, logo criando-se mais conflito. Aliás a Revolução Francesa começou por uma questão fiscal.
Mas ao contrário, não havendo recursos, não se pode fazer a guerra. Limitem-se pois os créditos para esse efeito, diz-nos Kant.

O quarto obstáculo à Paz verdadeira está na contracção dos Lúgubres Créditos: Não deve ser criada Dívida Pública (alimento) com vista à fricção externa dos Estados (conflito).

Comments:
Uma óptima reflexão que tenho seguido com muito interessa, amigo CBS. Sobretudo nestes tempos em que o pensamento é: se queres a paz, faz a guerra.
Abraço.
 
subscrevo totalmente o CSA.
 
pedindo desculpa pela intromissão, apenas lhe desejo mais 102 anos
 
.........
não renovar a frota de submarinos,portanto...
 
Não é linear caro Ernesto.
Kant não é um pacifista utópico,de dar a outra face.
Admite a força armada como legítima defesa (curioso, o facto dos antigos ministérios da guerra se terem passado a chamar da Defesa).

Ora Portugal é mar e necessita de uma força de protecção autónoma.
Apesar de ser discutível o enorme gasto em função da pobreza endémica desta Pátria.
Mas existe também um património de experiencia, na Armada, não negligenciável.
Pareceu-me razoável a redução de três para dois submarinos.

Aquilo a que Kant se refere tem hoje, muito mais a ver com a economia americana, essa sim, transformada numa industria de guerra, ameaçadora para a Paz no planeta.
Portugal com dois submarinos não ameaça nada.
 
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