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La force des choses
31.8.05
 
Do vento que passa

Seria bom seria se este sítio voltasse à vida (foto roubada aqui)

Não sou de esquerda.
Não sou de direita.
Sou velho, mas não estive lá.
Não estive lá quando os revolucionários de 1789, formaram à esquerda e à direita da mesa, para facilitar a contagem dos votos.
Não imaginavam eles quão árdua no futuro, ia ser a luta pelo uso das etiquetas.
Irónicamente, os descendentes dos que então formaram à esquerda, andam hoje por aí a defender a economia liberal e as virtudes da livre concorrencia.


Ora acontece que o sistema democrático, burguês, parlamentar, ocidental, assenta na separação das funções do Poder, para fazer conviver as contradições.
E se lermos a constituição portuguesa, veremos que o poder do presidente é destinado, não a governar, mas a garantir as regras escritas.

Tudo isto para dizer que, não estando eu com Alegre na política inteira, voto sem hesitar na sua ética politica.
Não acredito que Cavaco ou Soares se abstenham de exercer influencia sobre o governo, seja ele qual for.
Sampaio foi o único que não o fez – talvez, até por isso, permitiu o patético consulado de Santana. O contrário viu-se em Eanes (que gerou um partido) e em Soares I.

Alegre tem ele próprio sido instrumento do partido; foi-o recentemente na disputa interna; e só não foi de novo agora, porque Soares se “deixou” convencer (Maquiavel, lembram-se?).
Alegre é um homem inteiro, corajoso e respeita a cidadania republicana.
Dos três putativos candidatos, estou convicto que só Alegre não fará do Poder presidencial um instrumento;
Só ele servirá sem se servir.


Comments:
Um que vota SIM!
Abraço.
 
Csa, vamos a ver o que trará o futuro.
Annie, mais um blog pra pousar teus belos cachorros.

Abraço aos dois
 
pa. se o cidadão é mais forte que o político, como ele apregoa, então porque é que ele recua afirmando-se socialista? dir-se-à que ele é político e não cidadão, e logo corrompível...

não?
 
Curioso, estive hoje pela primeira vez nesse blog.
Partilho a tua opinião...
***
 
Gosto imensamente, assim, sem medida conhecida possível... Gosto de ver que podemos estar em sintonia nestas coisas maiores, como é (devia ser) a eleição para quem possa ser Presidente de Portugal, mesmo que em tantas outras questões (menos abrangentes, serão?!) tal possa não acontecer...
sim, desejávamos alguém que servisse sem se servir...

Continuo a pensar (ou até me parece cada vez mais evidente) que Manuel Alegre não está nem estará (nunca) só!
 
Jrd, Muska, Maria
abraços em sintonia :)

é evidente que nem Alegre está só, nem Soares tão acompanhado como julga.
 
Amigo Ernesto

Não me lembro do Manuel Alegre apregoar tal coisa.
Até porque, existindo outros significados para a palavra, a cidadania é a mais nobre acepção de politica: a intervenção na Polis.
O que ele distinguiu, penso, é a Politica, enquanto acção racional, e os afectos (a amizade com Soares, por exemplo).

"político igual a corrompível"
Não considero válida a fusão que normalmente se estabelece entre Politica e Corrupção.
Corrompíveis são todos os humanos mas só perante a prova das circunstâncias é que sabemos como reage cada um.
Agora, por ser político não se segue ser corrupto; e considero qualquer dos presumíveis três candidatos pessoas de bem, independentemente das opções politicas.

Em relação aos escrupulos de Alegre com o PS.
Compreendo-o, não se provoca de animo leve, uma rotura de consequencias politicas consideráveis, podendo comprometer no futuro o acesso ao Poder.
E se Alegre avançar, terá inevitavelmente que se diferenciar de Soares.

Mas aqui, penso que a rotura já se deu na luta interna, e só espera a oportunidade de se consumar.
Ao adiá-la Alegre não a evita; evita é ser ele a precipitá-la.

É o que se me apresenta dizer.
Um abraço
 
Este comentário foi removido por um gestor do blogue.
 
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