29.8.05
A Casa Encantada
De que cor são os comboios?
Sei que os há de várias, mas para mim são sempre pretos.
Circulam sobretudo de noite e associo-os a silvos como os das aves nocturnas, elas que também têm os olhos abertos à escuridão.
Agora, já não há comboios como os de antigamente, mas quando os havia com "wagons-lit" e "wagons-restaurants", nem muito lentos nem muito rápidos, lugar mágico para todos os encontros e desencontros, que melhor podia haver para uma viagem do que um comboio?
Os aviões parecem-se com essas taças de champagne onde deitaram imensa espuma. Quando se consegue chegar ao fim, é bom, mas é tão poucochinho.
No comboio até há tempo para se sair de Roma decidido a uma separação conjugal e chegar a Paris reapaixonado pela mulher.
Nos comboios cabe a vida inteira e ainda sobeja vida.
João Bénard da Costa, Público 28 Ago 2005
É um requinte de prazer ler aos domingos este João.
Escreve com inteligente ternura, tem uma densidade erudita, e nunca se compadece com o imediato que faz a histeria dos noticiários.
A escrita do João B.C. não é para “Hac Hora”;
como que fora do Tempo, o Agora para ele tem a dimensão de um Século.
Comments:
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Amiga da Guerrilha
O Bénard é um tipo do meu calção, que escreve aos domingos no Público a "Casa Encantada".
Percebe de cinema e até vai à TélVisão.
O que escreve, digere-se como a um bom vinho generoso.
Abraços Csa
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O Bénard é um tipo do meu calção, que escreve aos domingos no Público a "Casa Encantada".
Percebe de cinema e até vai à TélVisão.
O que escreve, digere-se como a um bom vinho generoso.
Abraços Csa
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