4. Ibéria
Milagre seria que Portugal tivesse escapado incólume a todos os graves, profundos acontecimentos que, durante o século XXI , tanto mudaram a face da ecúmena. No hemisfério norte, o desabamento económico, social e político de todos os países de alta industrialização, desde os japoneses no extremo leste até aos americanos na ponta ocidental, fez que o País sofresse as repercussões de toda a perda de rumo da Europa, justificando os que sempre tinham estado contra a chamada integração no igualmente chamado Mercado Comum;
Por outro lado, os levantamentos dos povos asiáticos, dos africanos e dos americanos ibéricos, desde o Rio Grande ao Cabo Horn, com em muitos pontos, invasão da Euro-América, tiveram igualmente efeitos não só em Portugal como em toda a Ibéria, que finalmente veio a mostrar-se solidária e a tomar consciência de que os seus recursos culturais e humanos poderiam desempenhar grande papel na transformação para melhor do hemisfério a que geograficamente pertence.
Quanto à faixa oeste da Península, desde do Cantábrico ao já Mediterrâneo que ao estreito emboca, o que importa acentuar é que voltaram a ter voz as pequenas unidades populacionais; que ressuscitaram, modernizados, muitos dos foros e forais, num definitivo enterro de Carlos V e seu compadre D. Manuel;
Que a propriedade comunial de terras se instaurou em pleno e que se colectivizou, mas não estatizado, tudo o que se referia a outros meios de produção, aos de transporte e aos de crédito; que a democracia directa das aldeias foi a base de toda a organização politica, com assembleias de Nação semelhantes às Cortes, só que regulares, conselhos de coordenação a substituir ministérios e com presidentes eleitos a prazo longe de mandatos;
Todo o sistema de educação, que já não era mais, em espírito e métodos, do que a sobrevivência do medievo, por si mesmo sumiu; até o nome da escola retomou o seu significado de tempo livre: tempo livre de aprender, querendo, não de ensinar por ofício; tempo livre de conservar, no adulto, a criança;
De ninguém mais, homem feito, viver para sempre com saudade de si próprio.
Agostinho da Silva, Portugal ou as cinco idades
Etiquetas: agostinho da silva, iberismo, portugal
O assunto dá para muitos posts. O meu comment fica por aqui. Thanks 4 your post!! :-)
A utopia não se realizou, mas já temos meios de a realizar, tecnologias jamais sonhadas.
E no entanto toda a realidade hoje organiza-se ao contrário, deixa cada vez menos (e já estivemos melhor com meios menores) liberdade de amar, aprender e realizar.
Singular é a convicção dele (que acompanho) de que serão, não os anglos da modernidade, mas os lusos, a realizar essa utopia
O Agostinho diz mesmo algures que o quinto império será o fim dos sebastiansimos crónicos dos lusos.
O que ele (e o padre António Vieira) antecipam no quinto império é o império do Divino, festejado em Portugal (em especial nos Açores) e no Brasil como as Festas do Espírito Santo.
O cisterciense Joaquim (daí Joaquinismo) falva de três reinos: o da ordem (do Pai) seguido do perdão (do Filho) e por fim o da vinda do Espirito Santo, do imprevisível (das crianças);
Vieira integra nisto as profecias bíblicas de Daniel, do quinto reino suscitado por Deus;
Nesse sentido há messianismo e saudade, mas saudade de futuro, e a sebastianica é do passado.
<< Home